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Tiradentes teria medo da Ciência?

Desvendando mitos: a busca pela verdade através da ciência

O artigo “Tiradentes não foi enforcado”, publicado por mim em 2020 e republicado todos os anos, por ocasião de um feriado nacional sem razão de existir, este ano teve repercussão inédita, claramente impulsionado pela divulgação nas redes sociais do deputado e príncipe D. Luiz Philippe de Orleans e Bragança, que já conhecia não só os fatos e argumentos, mas o artigo que foi publicado na plataforma norueguesa Duna Press. 

Foi muito positivo, por um lado, saber que tantos autores, pesquisadores e historiadores sem voz no mundo acadêmico puderam confirmar as informações já conhecidas por muitos, que eu apenas fiz conhecer como jornalista, e não como historiadora. Entretanto, a prática da investigação é comum a todos nós, e hoje com o acesso à internet, bibliotecas digitais e vasta informação, as narrativas caem por terra.  

A maioria dos que comentaram, e eu agradeço a atenção de todos, inclusive as críticas – sobre elas falarei mais para frente. Foi um sinal de que as pessoas dedicaram seu tempo,  o bem mais precioso em sua vida, para ler um texto que foi fruto tanto de pesquisa como de dedicação à Verdade. Apesar de todo o trabalho em diversas bibliotecas, arquivos, universidades, jornais de época, testemunhos; e em campo, com entrevistas e mídias digitais, devo confessar que a distância no tempo e a precariedade da conservação da memória no Brasil interferiram, de um lado e de outro, para chegar à conclusão do título. 

À época que escrevi o artigo, precisava do impacto, logo no título, para que as pessoas acordassem da farsa de Tiradentes. As críticas ácidas, e mesmo as agressões pessoais que foram publicadas, de forma nenhuma desmerecem o trabalho, mas entendo que uma informação nova e que nos tira do estado de conforto, do estad de crença, como diria Charles Peirce, geram no leitor um sentimento de rejeição à sua própria história pessoal, sua família, os professores queridos que estimulavam as exposições sobre Tiradentes nas folhas de cartolina, os velhos álbuns de figurinhas, que saudades, não é? 

Portanto, abrir mão de uma ideia consolidada no imaginário coletivo não é fácil, é um parto! Longe do desdém ou do desrespeito, procurei expor, com fontes primárias, ecundárias e testemunhos, a outra face dos fatos, e acredito que é melhor cair das nuvens que do terceiro andar, e se com mais de sessenta anos posso abrir minha mente para ideias novas, outros podem fazer o mesmo, sem melodramas. 

Entretanto, não estou satisfeita com o desfecho. Há alguns anos, a pesquisadora Valdirene Ambiel escreveu o livro “Um novo grito do Ipiranga”, com base em suas pesquisas nos restos mortais de D. Pedro I e suas esposas, D. Leopoldina e D. Amélia, e desta investigação ficou claro, por exemplo, que Dona Leopoldina não foi empurrada de uma escada pelo marido, nem envenenada, como já se insinuou e até ensinou em muitas escolas, faculdades e até correu como boato depois publicado por pessoas irresponsáveis, que foram atrás de informação “oficial”.

Pos bem, a exemplo do professor Marcos Corrêa, que fez as análises grafológicas das assinaturas de Joaquim José da Silva Xavier no Brasil e na França, e que chegou à conclusão de que eram as mesmas, proponho que se faça um teste de DNA nos restos mortais de Tiradentes, que estão na Capela de Sant’Anna de Sebolas, em Paraíba do Sul, no estado do Rio. Há registros também de que seus restos mortais estão no cemitério da Lapa, na Leopoldina. Poderemos, assim, dirimir quaisquer dúvidas a partir de incontestável prova científica. 

Os descendentes comprovados de Tiradentes, pois ele teve uma filha, sobrinhos e outros familiares que sobreviveram e tiveram família, poderiam doar material para comparação e assim saberíamos com certeza que quem foi morto e esquartejado foi Tiradentes, e não Izidro de Gouveia. Será que as autoridades especialistas em história da carochinha concordariam? Tenho certeza de que a família, mais do que ninguém, teria interesse na Verdade, pois em nada isso impactaria o respeito que todos nós temos que ter com nossos antepassados e nossa História. Tiradentes foi membro da Inconfidência e teve um papel histórico importante. Só não foi o de mártir que as narrativas republicanas apregoam. De minha parte, diante de prova científica sem fraude, vou admitir que todas as fontes estavam equivocadas, que realmente Tiradentes foi pendurado em uma forca e esquartejado. Até lá, fico com as minhas fontes e sigo afirmando que “Tiradentes não foi enforcado”.

Vera Helena Pancotte Amatti

Vera Amatti

Colunista associado para o Brasil em Duna Press Jornal e Magazine, reportando os assuntos e informações sobre atualidades sócio-políticas e econômicas da região.

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