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Jornalismo Transacional: Expondo a Colaboração Secreta com Interesses Políticos

Uma extensa investigação conduzida pela jornalista Sharyl Attkisson revelou uma prática alarmante no jornalismo contemporâneo: a colaboração secreta de repórteres com interesses políticos, incluindo campanhas políticas e até mesmo a CIA, para promover determinadas causas e narrativas. Attkisson destacou que sua crítica não se dirige ao “jornalismo de ponto de vista” praticado por grupos ideológicos, mas sim àqueles que se apresentam como jornalistas independentes, mas que na verdade agem em prol de interesses ocultos.

Entre os exemplos mais notáveis está Ken Dilanian, do Los Angeles Times, que, ao cobrir a CIA, prometeu à agência uma cobertura favorável e chegou a enviar rascunhos de suas matérias para revisão antes da publicação. Revelações de e-mails internos da CIA, divulgadas pelo The Intercept, mostraram que Dilanian era conhecido como “o homem da limpeza da CIA”. Sua colaboração lhe rendeu posições em outras importantes organizações de mídia, como AP, NBC News e USA Today, onde continua a oferecer cobertura simpática à comunidade de inteligência e crítica a Donald Trump.

Outro caso envolve Scott Shane, do New York Times, que deu ao Departamento de Estado de Hillary Clinton um cronograma antecipado de publicação de histórias, permitindo à equipe de Clinton tempo para planejar respostas ou distrações favoráveis. Mark Leibovich, também do Times, permitiu que Clinton revisasse e aprovasse suas citações, e a publicação de histórias negativas sobre Jeb Bush foi atribuída ao super PAC pró-Hillary, American Bridge.

Dana Milbank, do Washington Post, buscou ajuda do Comitê Nacional Democrata (DNC) para obter material negativo sobre Donald Trump durante a campanha presidencial de 2016. Um e-mail interno do DNC revelou que Milbank recebeu sugestões que ele incorporou em seu artigo “As Dez Pragas de Trump”.

Glenn Thrush, do Politico, procurou aprovação de um oficial da campanha de Clinton para uma seção de um artigo antes de publicá-lo. Em seu e-mail, Thrush admitiu saber que sua ação era inadequada, pedindo confidencialidade ao destinatário. Mesmo após várias controvérsias, Thrush foi contratado pelo New York Times para cobrir a presidência de Trump de forma crítica.

Esses exemplos de “jornalismo transacional” lançam uma sombra sobre a integridade da mídia e destacam a necessidade de maior transparência e independência no jornalismo. A exposição de Attkisson levanta questões importantes sobre a verdadeira imparcialidade dos meios de comunicação que afirmam ser neutros, mas que, na realidade, podem estar promovendo agendas específicas sob a fachada de independência.

Wesley Lima

Colunista associado para o Brasil em Duna Press Jornal e Magazine, reportando os assuntos e informações sobre atualidades culturais, sócio-políticas e econômicas da região.

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