Edna Oliveira dos Santos, uma mãe solo que vive em condições precárias e alimenta seus três filhos com R$ 740 por mês do Bolsa Família, se viu inesperadamente no epicentro de uma polêmica envolvendo o patrocínio máster do Corinthians. Edna é formalmente listada como proprietária da Neoway Soluções Integradas em Serviços, uma empresa com capital social de R$ 180 mil que recebeu mais de R$ 1 milhão por intermediar a negociação do patrocínio do clube. Contudo, Edna alega desconhecer qualquer ligação com a empresa.
A situação veio à tona quando Edna, que vive de favor em uma comunidade, começou a aparecer no noticiário. Desde então, tem chorado constantemente e está com medo de morrer ou ser presa. “Estou muito preocupada. Já passei muito mal porque não consigo tirar isso da minha cabeça. Tenho 3 filhos pra criar. E se alguém me matar por algo que nem fiz?”, desabafou ao UOL.
Edna relatou que, no dia 30 de abril, foi visitada por uma mulher desconhecida que, de forma ameaçadora, questionou seu envolvimento com a Neoway e como sua assinatura foi parar nos documentos da empresa. Edna assegura que nunca assinou nada e que, se tivesse recebido R$ 1 milhão, não viveria em um bairro humilde de Peruíbe. Após a visita, Edna foi à Delegacia da Mulher, onde inicialmente não recebeu o devido suporte, mas conseguiu registrar um Boletim de Ocorrência e contratar um advogado.
A polêmica envolve uma comissão de R$ 25,2 milhões paga pelo Corinthians à empresa Rede Social Media Design por intermediar o contrato de patrocínio. A Rede Social é de propriedade de um indivíduo que trabalhou na campanha eleitoral de Augusto Melo e é amigo do diretor de marketing do Corinthians, que pediu licença do cargo após o escândalo. A Rede Social transferiu R$ 1 milhão para a Neoway Soluções Integradas, empresa em nome de Edna.
O pagamento da comissão pelo Corinthians à Rede Social foi autorizado pelo diretor administrativo do clube, sem o conhecimento do diretor financeiro, que estava em viagem. O Corinthians sustenta que a negociação foi legal e não se responsabiliza pelos repasses a terceiros.
A história de Edna, uma mulher que já passou fome e agora vive com medo, lança uma luz preocupante sobre práticas duvidosas no mundo dos negócios do futebol e destaca a vulnerabilidade de pessoas comuns em situações de fraude e corrupção.
