China

A Influência do Yuan no Médio Oriente: O Poder Brando da China e Suas Implicações Geopolíticas

Ao observarmos a dinâmica geopolítica no Médio Oriente, a crescente influência da China através do poder brando representado pelo Yuan é inegável. A estratégia chinesa de financiar a construção de infraestruturas, concedendo empréstimos aos Estados que contratam empresas chinesas para executar as obras, cria um dilema interessante para os países anfitriões. Por um lado, os chineses formam trabalhadores locais, oferecem cursos de formação avançada e geram empregos, contribuindo para o desenvolvimento regional.

A construção de infraestruturas modernas impulsiona a recuperação de países afetados por crises prolongadas, elevando os padrões de vida da população árabe e fortalecendo as relações sino-árabes. Ao ajudar na diversificação econômica e no desenvolvimento tecnológico dos países do Médio Oriente, a China aumenta sua influência na região.

Contrariando a abordagem militarista dos Estados Unidos, a China se destaca pelo uso de diplomacia e respeito à soberania dos países. Este contraste torna Pequim um aliado preferido. A China tem frequentemente apoiado os interesses dos países árabes na ONU, vetando resoluções desfavoráveis e opondo-se à interferência estrangeira direta, como fez em 2019 no caso do Iraque.

No entanto, a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” tem gerado preocupações. Protestos no Quirguistão (2020) e no Paquistão (2021) refletem o receio de que as ações chinesas alterem o modo de vida tradicional. Críticos ocidentais acusam a China de criar “armadilhas da dívida”, com exemplos como o Sri Lanka sofrendo perdas devido à dívida com a China. Apesar das críticas, Pequim defende que suas práticas de alívio da dívida são razoáveis e benéficas.

As relações sino-israelenses têm se mostrado complexas. Embora a cooperação econômica tenha sido robusta, tensões surgiram após a condenação chinesa às ações de Israel em Gaza. Declarações do presidente Xi Jinping sobre a coexistência harmoniosa de Israel e Palestina trouxeram fricções, agravadas por preocupações americanas sobre a segurança israelense devido ao envolvimento chinês no porto de Haifa.

O Yuan, consolidando-se como uma moeda de reserva mundial, se torna uma ferramenta financeira cada vez mais utilizada globalmente. A crescente popularidade dos bancos chineses amplia a influência de Pequim, desafiando a hegemonia do dólar americano. A busca por uma alternativa ao dólar faz do Yuan uma opção viável, evidenciando a mudança no equilíbrio de poder econômico mundial.

Assim, a ascensão do Yuan e a estratégia de poder brando da China no Médio Oriente ilustram uma reconfiguração das alianças e dinâmicas geopolíticas, com Pequim solidificando sua posição como um ator global chave.

Edicleia Alves Lima

Colunista associada para o Brasil em Duna Press Jornal e Magazine, reportando os assuntos e informações sobre atualidades culturais, sócio-politicas e econômicas da região.

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