Opinião

A bíblia e o armamento civil

Alguns cristãos acreditam que seria errado buscar a autoproteção e reagir à agressões físicas, principalmente utilizando armas de fogo.

Um dos textos utilizados para se defender essa concepção passiva em relação à agressões está em Mateus 5:39-41. Nesse texto, Jesus afirma: “Mas eu lhes digo: Não resistam ao perverso. Se alguém o ferir na face direita, ofereça-lhe também a outra. E se alguém quiser processá-lo e tirar-lhe a túnica, deixe que leve também a capa. Se alguém o forçar a caminhar com ele uma milha, vá com ele duas”.

Bom, se Jesus foi literal ao dizer estas palavras, devemos considerar que elas se estendem para todo e qualquer tipo de agressão sofrida. Isso quer dizer que, embora Jesus tenha dado apenas três exemplos, devemos aplicar o pensamento a outros. Sendo assim, segue-se que:

Se alguém vier com um pedaço de pau, te der uma cacetada na cabeça e você não desmaiar, ofereça o outro lado da cabeça também;

Se alguém vier com um caco de vidro e te cegar um olho, ofereça o outro olho também;

Se você é uma menina e um rapaz vem te beijar à força, ofereça outro beijo;

Se uma pessoa do seu mesmo sexo que você quiser te beijar à força, também deixe e ofereça outro beijo;

Se um estuprador quiser te violentar…Como fica claro, interpretar as palavras de Jesus como sendo literais traz implicações nefastas.

E essas implicações não parecem possuir qualquer ligação com os preceitos cristãos, tampouco possuem alguma utilidade racional. Ao contrário, quando interpretamos Mateus 5:39-41, estamos dizendo que os cristãos devem assumir uma postura de covardia e desvalorização da própria vida, o que não são virtudes cristãs.

O cristão, como criatura de Deus, deve zelar por sua vida, a qual não pertence a si mesmo, mas é um dom de Deus. Deve ainda cultivar a coragem em todos os sentidos, já que a própria Palavra ensina que de fora do céu ficarão os covardes (Ap. 21:8).

Ser corajoso, no sentido cristão, é não permitir que o medo nos paralise e nos impeça de fazer nossas obrigações. Isso inclui, evidentemente, a obrigação de proteger nosso corpo, nossa saúde, nossa vida, bem como nossa família, nosso próximo e nossos bens já que eles também são de Deus.

Créditos de imagem: Unsplash. Fotografia de Sofia Sforza.

Revisão e edição de Luiz Gustavo Chrispino

Joice Ferreira

Colunista associada para o Brasil em Duna Press Jornal Magazine. Protetora independente e voluntária na causa animal.

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