Geopolítica

China e Rússia: Uma Nova Ordem Mundial Multipolar

Recentemente, a China e a Rússia emitiram uma declaração conjunta extraordinária, com quase 8.000 palavras, que destaca a importância dos países emergentes e apela a um mundo multipolar e à democratização das relações internacionais. Este documento pode ser considerado ainda mais significativo do que a famosa declaração de parceria “Sem Limites” de fevereiro de 2022.

Construindo uma Nova Ordem Mundial

A declaração enfatiza que o status e o poder dos países e regiões emergentes do “Sul Global” estão aumentando, acelerando a multipolaridade do mundo. Esse fenômeno redistribui o desenvolvimento, os recursos e as oportunidades a favor dos países emergentes e promove a democratização das relações internacionais e a justiça global.

A China e a Rússia criticam os países que seguem políticas hegemonistas, acusando-os de tentar minar a ordem internacional baseada no direito internacional com uma “ordem baseada em regras”. Defendem que a segurança de um país não deve ser alcançada à custa da segurança de outros, propondo a criação de um sistema de segurança sustentável no espaço eurasiano baseado na segurança igual e indivisível.

Os dois países pretendem usar o potencial de suas relações bilaterais para promover um mundo multipolar igualitário e ordenado, além de fortalecer as forças para a construção de um mundo justo.

Princípios Fundamentais da Nova Ordem Mundial

A visão de China e Rússia para uma nova ordem mundial é baseada em dois princípios fundamentais:

  1. Rejeição do Neocolonialismo e Hegemonismo: Defendem que todos os países têm o direito de escolher seus modelos de desenvolvimento e políticas com base em suas condições nacionais e vontade popular, rejeitando a interferência externa, sanções unilaterais e julgamentos prolongados sem base no direito internacional.
  2. Respeito à Carta das Nações Unidas: Ambos os lados comprometem-se a defender as conquistas da Segunda Guerra Mundial e a ordem mundial do pós-guerra estabelecida pela Carta da ONU.

Condenação Forte aos EUA

A declaração condena a abordagem hegemônica dos EUA, acusando-os de minar a ordem internacional baseada no direito internacional e de promover uma “ordem baseada em regras”. Criticam as ações dos EUA na Ásia-Pacífico e outras regiões, acusando-os de desestabilizar a segurança regional e global com suas alianças militares e atividades.

Os EUA são instados a parar de interferir nos assuntos internos de outros países, a evitar a militarização do espaço e a abster-se de atividades biológicas que ameacem a segurança de outros países.

Expansão da Cooperação Sino-Russa

A declaração lista uma ampla gama de áreas de cooperação aprofundada entre China e Rússia, incluindo:

  • Cooperação militar: Aumento da confiança mútua, formação conjunta, patrulhas regulares e resposta conjunta a riscos e desafios.
  • Comércio e investimento: Expansão contínua do comércio bilateral e cooperação em indústrias avançadas.
  • Energia: Cooperação estratégica para garantir a segurança energética e estabilidade do mercado.
  • Moedas e finanças: Aumento do uso de moedas locais no comércio e melhoramento da infraestrutura financeira.
  • Educação e ciência: Expansão dos programas de estudo no exterior e cooperação em pesquisa científica.
  • Meios de comunicação: Fortalecimento do intercâmbio mediático e promoção de reportagens objetivas.
  • Instituições globais: Cooperação em várias organizações internacionais, incluindo a ONU, OMS, OMC, SCO e BRICS.

A declaração conjunta entre China e Rússia representa um compromisso firme de ambos os países em trabalhar juntos para moldar um novo mundo multipolar, democrático e justo, desafiando a hegemonia dos EUA. Este documento provavelmente influenciará as relações internacionais e a geopolítica global nas próximas décadas.

Edicleia Alves Lima

Colunista associada para o Brasil em Duna Press Jornal e Magazine, reportando os assuntos e informações sobre atualidades culturais, sócio-politicas e econômicas da região.

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