Centenas de manifestantes inundaram as ruas da capital do Níger, Niamey, em um apelo veemente pela saída das tropas norte-americanas, após a junta governante romper um acordo militar com os Estados Unidos e receber instrutores militares russos. A marcha, que ecoou os protestos anti-franceses do ano passado, viu os manifestantes empunhando bandeiras do Níger e cartazes escritos à mão, como um que clamava “EUA saem correndo do Níger”.
A revogação do acordo, que permitia a presença de cerca de 1.000 militares dos EUA e operações em duas bases no território nigeriano, recebeu forte apoio da população. “Estamos aqui para dizer não à base americana, não queremos americanos em nosso solo”, declarou Maria Saley, uma das manifestantes.
O Níger, anteriormente um parceiro-chave dos Estados Unidos e da França na luta contra a insurgência islâmica na região do Sahel, agora busca novas alianças, incluindo uma cooperação mais estreita com a Rússia. A chegada de instrutores e equipamentos militares russos evidencia essa mudança de postura e a abertura da junta para uma cooperação mais diversificada.
No entanto, alguns cidadãos expressaram preocupações de que a assistência de defesa russa não leve a uma presença militar permanente no país. Abdoulaye Seydou, coordenador de grupos da sociedade civil, e Souleymane Ousmane, um estudante, temem que a cooperação militar eventualmente leve à ocupação estrangeira, como aconteceu com os franceses e os americanos no passado.
Apesar do anúncio do encerramento do acordo, ainda não está claro quando ou se as tropas dos EUA partirão. O Níger tem sido palco de crescente violência, especialmente no centro do Sahel, e o destino da Base Aérea 201, uma base de drones dos EUA, permanece incerto. O aumento dos conflitos na região, como evidenciado por relatórios alarmantes de mortes no Burkina Faso, destaca a urgência de encontrar soluções para a instabilidade crescente no Sahel.