Antes da Cimeira de Davos, Fórum Económico Mundial destaca perigos tecnológicos em inquérito.
No cenário internacional, a desinformação emergiu como o principal risco global em anos de eleições cruciais, segundo um inquérito realizado pelo Fórum Económico Mundial (FEM). Os resultados, divulgados antes da reunião anual em Davos, revelam uma mudança de foco das preocupações tradicionais econômicas para os perigos tecnológicos.
O inquérito, conduzido a mais de 1.400 especialistas e líderes, aponta para um ambiente global moderadamente arriscado até 2026, com uma previsão de agravamento ao longo da próxima década. Intrigantemente, metade dos 10 principais riscos globais projetados até 2034 estão relacionados com as alterações climáticas e a degradação ambiental.
As tensões geopolíticas, evidenciadas por conflitos armados em diversas regiões, contribuem para uma ordem global instável, caracterizada por narrativas polarizadas e insegurança. A diretora-geral do FEM, Saadia Zahidi, destaca a deterioração da confiança global devido a essas tensões.
O inquérito revela uma mudança notável nas preocupações, com os perigos econômicos imediatos, como inflação e recessão, sendo eclipsados por receios em torno das novas tecnologias e seu impacto na sociedade. Embora questões como pressões sobre o custo de vida persistam, novos desafios, como a propagação da desinformação, ganharam destaque.
Com mais de 75 países realizando eleições nacionais, incluindo EUA, África do Sul, México e Índia, a pesquisa alerta para os riscos associados ao uso generalizado de informações erradas e desinformação. A disseminação dessas práticas pode minar a legitimidade dos governos recém-eleitos, gerando desde protestos violentos até confrontos civis e terrorismo.
Além dos riscos tradicionais, o relatório examina ameaças sistêmicas decorrentes de mudanças em áreas fundamentais, como demografia, tecnologia e panorama geoestratégico. Os entrevistados expressam preocupação com o desvio dos sistemas de governação de seu propósito original e o declínio na cooperação internacional para resolver problemas transfronteiriços.
Os eventos climáticos extremos são identificados como o principal risco da próxima década, seguido de perto pelos próximos cinco anos. Outros riscos ambientais incluem mudanças críticas nos sistemas da Terra, perda de biodiversidade, escassez de recursos naturais e poluição.
A migração involuntária, impulsionada por problemas ambientais, é destacada como um dos principais riscos sociais. Essa migração alimenta a polarização social, identificada como a terceira maior preocupação nos próximos dois anos.
Diante desses desafios, a pesquisa destaca a crescente dificuldade na gestão de riscos transnacionais, à medida que a cooperação global se desgasta. Neste contexto, a desinformação emerge não apenas como um desafio tecnológico, mas como uma ameaça à estabilidade política global em um ano eleitoral crucial.
