Hong Kong, 9 de janeiro de 2024 – Em uma mudança revolucionária para a indústria automotiva global, a China emergiu como o maior exportador de automóveis do mundo, prestes a superar até mesmo líderes de longa data como o Japão. O aumento nas vendas no exterior, impulsionado principalmente por veículos a gasolina tradicionais, reflete uma transformação notável na posição da China no cenário automotivo global.
A saída de fabricantes de automóveis ocidentais da Rússia após o conflito na Ucrânia criou um vácuo, e os fabricantes chineses de automóveis agiram rapidamente para aproveitar a oportunidade. Segundo a Associação de Carros de Passageiros da China, pelo menos cinco vezes mais veículos foram vendidos na Rússia no ano passado em comparação com 2022, atingindo impressionantes 800.000 unidades. Esse aumento na demanda foi um fator chave impulsionando a China em direção ao topo das exportações globais de automóveis.
As estimativas mais recentes da associação indicam que 5,26 milhões de veículos fabricados na China foram vendidos no exterior em 2023, quase um milhão a mais do que as exportações do Japão no mesmo período. Os carros a gasolina tradicionais desempenharam um papel crucial nesse crescimento, especialmente em mercados como Rússia e México, onde a demanda por esses veículos permanece resistente.
Fabricantes de automóveis chineses, enfrentando excesso de produção e uma adoção mais lenta de veículos elétricos (EVs) no mercado interno, encontraram uma saída ao exportar carros a gasolina para mercados com demanda sustentada. O medo de uma possível inundação de veículos chineses com capacidade excedente tem levantado preocupações nos principais mercados automobilísticos, com os Estados Unidos impondo tarifas proibitivas e a União Europeia lançando uma investigação anti-subsídios focada em veículos elétricos de baixo custo da China.
No entanto, espera-se que a próxima onda de exportações chinesas inclua um número significativo de veículos elétricos e híbridos. Fabricantes como a BYD, que recentemente ultrapassou a Tesla como o principal vendedor mundial de EVs, testemunharam um aumento cinco vezes maior nas vendas no exterior em 2023. Essa tendência deve continuar, já que os fabricantes de veículos elétricos planejam aumentar as exportações após a desaceleração do mercado interno devido à redução dos subsídios do governo.
Fabricantes globais com fábricas na China também estão aderindo à tendência de exportação. A Volkswagen está pronta para enviar até 60.000 cupês elétricos Cupra Tavascan fabricados na China para a Europa este ano, marcando um movimento histórico. A Ford, que enfrentou desafios dos fabricantes de EVs chineses, expandiu suas exportações da China para 100.000 unidades no ano passado.
Apesar das preocupações sobre a sustentabilidade da demanda por carros a gasolina na Rússia, fabricantes de automóveis chineses como Chery, Geely e Great Wall Motor experimentaram um crescimento notável no país. A Chery, em particular, tornou-se a principal exportadora de carros, vendendo mais de 900.000 carros no exterior em 2023, ultrapassando tanto a Tesla quanto a BYD.
Esta ascensão da China como centro da indústria automobilística mundial reflete uma vitória significativa para as políticas industriais de Pequim. A China, historicamente o maior mercado e centro de produção automotiva, superou rapidamente rivais de longa data como Japão, Alemanha e Coreia do Sul nos últimos três anos.
Em conclusão, a emergência da China como o principal exportador de automóveis do mundo é um testemunho de sua resiliência, políticas industriais estratégicas e adaptabilidade às dinâmicas do mercado global. A colaboração com a Rússia, especialmente no contexto de veículos a gasolina, desempenhou um papel crucial nessa jornada transformadora para a indústria automotiva chinesa.
