No tradicional discurso de Natal “à cidade (de Roma) e ao mundo”, o Papa Francisco fez uma contundente condenação ao comércio de armas e à prolongada guerra em Gaza, instando à reflexão sobre o impacto do conflito armado na atualidade. Falando da galeria central da Basílica de São Pedro, no Vaticano, o líder da Igreja Católica lamentou o que chamou de “massacre de inocentes” contemporâneo, tanto pelas hostilidades em Gaza como pelas ameaças do aborto e perigos da migração.
O pontífice destacou a conexão direta entre o comércio de armas e os conflitos globais, enfatizando que a posse de instrumentos de morte inevitavelmente leva ao seu uso. Ele apelou a uma maior atenção à proporção de fundos públicos destinados à indústria bélica, visando expor os interesses e lucros que alimentam os conflitos ao redor do mundo.
Embora tenha abordado diversos pontos críticos globais, como a guerra na Ucrânia, as longas guerras civis na Síria e no Iémen, o Papa concentrou sua atenção na tragédia em Gaza, já se estendendo por quase três meses. Expressando solidariedade às vítimas do ataque do Hamas a Israel, Francisco pediu a libertação dos reféns mantidos pelo grupo militante e clamou pelo fim das operações militares em Gaza.
O líder religioso expressou particular preocupação com as minorias cristãs na região, referindo-se a Belém, na Cisjordânia, como um local de nascimento de Jesus transformado em “um lugar de tristeza e silêncio”. Ao evocar o massacre dos inocentes na narrativa bíblica, o Papa fez uma comovente comparação com as crianças ameaçadas pelo aborto, pela guerra e pelos perigos da migração nos dias atuais.
“Quantos inocentes estão sendo massacrados em nosso mundo! No ventre de suas mães, nas odisseias empreendidas no desespero e na busca de esperança, na vida de todos aqueles pequenos cuja infância foi devastada pela guerra. Eles são os pequenos Jesuses de hoje”, proclamou o Papa Francisco em sua mensagem natalina, reforçando seu apelo por paz, compaixão e ação humanitária em meio às adversidades globais.
Na mensagem de #Natal, o #PapaFrancisco tradicionalmente cita as regiões mais turbulentas do planeta para pedir paz. No caso da #América, Francisco não mencionou explicitamente países, mas desafios comuns a muitos deles, como a #desigualdade: pic.twitter.com/fXaX30E8Rb
— Vatican News (@vaticannews_pt) December 25, 2023