
Os republicanos ocuparam Fortaleza. Armados e indignados, não aceitariam facilmente as terríveis imposições do imperador. Em 28 de abril de 1824, dia da ocupação, um novo presidente foi eleito no lugar do enviado de Dom Pedro: Tristão Gonçalves, irmão de José Martiniano e filho de Bárbara de Alencar. A veia revolucionária estava, mesmo, presente na família – e na província. Um pouco mais adiante, em 26 de agosto de 1824, o Ceará se uniu a Pernambuco em um novo movimento: a Confederação do Equador. Republicana e federativa, ela almejava unir as províncias brasileiras do Norte de modo justo e sem o jugo doloroso e repressor do Imperador estrangeiro. O desejo dos confederados era se opor ao projeto centralizador que vinha do Rio de Janeiro, pelas mãos de Dom Pedro. A autonomia local era o carro-chefe das reivindicações e, para demonstrar o seu desejo por uma independência que correspondesse às expectativas locais, os revolucionários passaram a adotar sobrenomes indígenas, como foi o caso de Tristão Gonçalves, que passou a se chamar Gonçalves Araripe.
Para espalhar esses ideais pela província e além dela, foi criado o primeiro jornal do Ceará: o Diário do Governo do Ceará, publicação que se tornou porta-voz das lideranças locais e de suas insatisfações. Nele, foram veiculadas ideias liberais de autonomia e liberdade provincial em oposição à política centralizadora do Imperador. O jornal teve um papel importante na propagação dos objetivos da Confederação: as suas notícias chegaram ao Piauí e ao Maranhão e serviram para tentar cooptar essas localidades para o movimento. O jornal, assim como a Confederação, não teve longa duração: foi publicado pela primeira vez em abril de 1824, pouco antes de os republicanos tomarem Fortaleza, e seu último número saiu em novembro do mesmo ano.
Mas o projeto federalista não era consenso: ainda no mês de agosto, os confederados passaram a encontrar agitações contrarrevolucionárias nas áreas limítrofes com a Paraíba. O golpe final veio no dia 18 de outubro, quando chegou de Pernambuco o grupo militar responsável pela repressão do movimento. Primeiro, o governo revolucionário em Fortaleza foi intimado a declarar o seu apoio ao Imperador e, sob pressões e ameaças, a Confederação no Ceará perdeu o apoio essencial da capital. Aos poucos, diante da superioridade bélica dos repressores enviados por Dom Pedro, as vilas que apoiaram o movimento revolucionário passaram a também apoiar Dom Pedro. As lideranças confederadas foram assassinadas ou presas. Novamente, a repressão foi dura e o fogo assolou as terras cearenses.
Fonte: http://projetorepublica.org