
A situação na província não havia melhorado em nada quando chegou uma nova notícia: Dom Pedro dava um passo em direção à emancipação política do Brasil. Em fevereiro de 1822, ele convocou eleições para o Conselho dos Procuradores das Províncias, também chamado Conselho de Estado, que tinha como função fazer convergir, na Corte fluminense, os poderes autônomos de cada província, concordassem eles ou não com a postura do Rio de Janeiro. Sob a alegação de que as juntas poderiam provocar cisões no Brasil, o que o Príncipe demandava, na verdade, era a lealdade de todas as localidades: ou era a unidade do território com o Rio, ou era o seu desmembramento, com Lisboa.
Nesse momento, a situação de nas cidades de Cuiabá e de Mato Grosso era um tanto diferente. Os cuiabanos estavam alinhados com o Dom Pedro e, quando este declarou que ficaria no Brasil, providenciaram um representante para ir até o Rio de Janeiro declarar o apoio da cidade ao Príncipe e ocupar a cadeira no Conselho de Procuradores. O escolhido para a missão foi o capitão-mor João Jose Guimarães e Silva, que partiu em junho de 1822, mas só chegou na sede da Corte em 4 de novembro de 1822. Nesse meio tempo Dom Pedro já havia sido aclamado Imperador do Brasil no Rio de Janeiro. Lá, o capitão-mor cuiabano afirmou que a “vontade geral” e os “firmes patrióticos desejos” de sua província alinhavam-se aos do Imperador, mas deixou bem claro que falava apenas em nome dos cuiabanos.
A adesão da cidade de Mato Grosso demorou um pouco mais. Oficialmente, ela ocorreu apenas em 12 de março de 1823, o que denota o seu isolamento, ainda mais agravado pelas guerras de Independência nas províncias vizinhas ao Norte do Brasil, principal contato comercial da capital mato-grossense. As guerras também acabaram por aprofundar a crise econômica já em curso na cidade, em virtude da queda da produção aurífera. Era mais interessante, nesse sentido, alinhar-se ao novo Imperador, menos por afinidade ao projeto político proposto – de unidade em torno do Rio de Janeiro –, e mais por necessidade econômica. Afinal, quem sabe ele poderia ajudar a melhorar a situação?
Fonte: http://projetorepublica.org