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História

Primeira cientista mulher do Butantan ajudou a produzir a vacina BCG em escala industrial nos anos 70

Desde a década de 70, os brasileiros recebem a imunização contra tuberculose logo no primeiro mês de vida. Ainda que a maioria não se lembre desse evento, para muitos a BCG – como é conhecida popularmente – acaba sendo sinônimo de vacina. Isso porque, em alguns casos, ela deixa uma marca clássica na região onde é aplicada, no topo do braço direito.

Se hoje você carrega com orgulho esse importante símbolo de vacinação, saiba que deve muito aos esforços de Jandyra Planet do Amaral (1905-2010), pesquisadora do Instituto Butantan e primeira mulher a integrar o corpo científico da instituição. Formada em 1931 pela Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, atual Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Jandyra chegou ao Butantan naquele mesmo ano para atuar como estagiária na subseção de Soroterapia Antibacteriana até tornar-se diretora geral da instituição, cargo que exerceu entre 1968 e 1975.

Como pesquisadora de diversas doenças infecciosas, a médica dedicou esforços para desenvolver e implementar soluções para o controle dos principais problemas de saúde da época. À frente da divisão de Bacteriologia, do qual se tornou chefe em 1945, Jandyra trabalhou com afinco ao longo de cinco anos, de 1949 a 1954, para implementar a produção da BCG, vacina capaz de proteger contra a tuberculose. Apesar do imunizante ser utilizado no país desde 1929, a baixa cobertura vacinal da época contribuiu para que surtos da doença continuassem a assolar o país. Informações da Biblioteca Virtual em Saúde apontam que, até o final da década de 1940, a doença foi responsável por cerca de 10% dos óbitos registrados na cidade de São Paulo. 

Não à toa, em 1958 Jandyra foi convidada para uma temporada de seis meses no Instituto Pasteur de Paris, na França. Na visita à instituição – casa dos pesquisadores Léon Calmette e Alphonse Guérin, responsáveis pela descoberta da fórmula da BCG 40 anos antes –, a cientista acompanhou de perto todas as etapas da produção industrial da vacina, consolidando seus conhecimentos para a fabricação em escala do imunizante e, posteriormente, contribuindo para a distribuição de milhões de doses da vacina no Brasil. 

Foi também durante sua gestão, já na década de 1970, que o Butantan passou a fabricar a BCG liofilizada (ou em pó), seguindo as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Incorporado ao Plano Nacional de Imunizações (PNI) poucos anos depois, em 1977, o imunizante liofilizado facilita o processo de armazenamento e sua distribuição, sendo a versão aplicada até hoje nos postos de saúde.

Registros do periódico Memórias do Butantan, publicado pela instituição entre os anos de 1918 e 1993, apontam que a obra de Jandyra Planet do Amaral enriqueceu a saúde pública brasileira, contribuindo ativamente para o controle de diversas doenças como tuberculose, difteria, coqueluche, tétano, raiva, poliomielite e varíola, poupando as vidas de milhares de brasileiros. 

Cenário atual

Passado mais de um século da criação da vacina BCG, a tuberculose continua sendo uma das doenças infecciosas mais mortais do mundo. Segundo informações da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), todos os dias no mundo mais de 4 mil pessoas morrem de tuberculose e cerca de 30 mil adoecem pela doença. No Brasil, a cobertura vacinal da BCG encontra-se em queda, caindo de 100%, em 2015, para 68%, em 2021. Neste ano, o índice registrado está pouco acima dos 40%, de acordo com informe técnico emitido pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

A tuberculose é uma doença contagiosa provocada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis. Seus principais sintomas são tosse – às vezes com expectoração e até sangue –, falta de ar, dores no peito, fraqueza, perda de peso e febre. O contágio acontece por meio de gotículas da saliva da garganta. Além dos pulmões, a doença pode afetar os ossos, rins e meninges. Atualmente, o Instituto Butantan dedica esforços para a condução de pesquisas relacionadas à produção e a novas aplicações do imunizante.

Fotos: Acervo Instituto Butantan/Centro de Memória

Fonte: https://butantan.gov.br

Joice Ferreira

Colunista associada para o Brasil em Duna Press Jornal Magazine. Protetora independente e voluntária na causa animal.

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