
O kirchnerismo decidiu há muito tempo embarcar em um caminho delirante no qual seus partidários parecem acompanhá-los. No desconhecimento da realidade e na adaptação de uma história delirante que tudo acomoda aos interesses do “patrão”. Após ser condenada a seis anos de prisão e inabilitação perpétua para o exercício de cargos públicos, Cristina Fernández de Kirchner reapareceu para dizer que a Justiça (que ela considera um “partido” de oposição) a baniu para que não pudesse concorrer.
“Aqui não há renúncia, há proibição”, disse Kirchner nesta terça-feira (27) em sua primeira aparição pública após a decisão do tribunal. Vale lembrar que, após a leitura da decisão, a vice-presidente disse que no ano que vem não será candidata “a nada”. Segundo sua versão, disse que não participaria das eleições para não complicar o peronismo, que a oposição acusaria de ter um candidato “condenado”. Mas a realidade é muito diferente. Além do fraco desempenho nas pesquisas, em algum momento do próximo processo político (2023-2027), o Supremo Tribunal de Justiça deixará sua sentença firme. Embora ela diga que renunciou a ser candidata, devido à suposta tentativa de proscrição, a única coisa que ela renunciou voluntariamente foi o papel da ilegalidade e sua prisão enquanto era funcionária.
A apresentação desta terça-feira aconteceu no centro esportivo “Diego Maradona” de Avellaneda (província de Buenos Aires) e, como sempre, oscilou entre a vitimização, a construção distante da realidade e o fanatismo de seus seguidores. Lá, Kirchner também afirmou que a decisão judicial contra ele foi uma espécie de vingança por suas políticas públicas. Incomum.
“A proibição é um ato de disciplina para a liderança política, para que ninguém seja encorajado a recuperar a AFJP, a YPF e a Lei de Imprensa”, disse ele em relação ao fracasso da nacionalização de fundos de aposentadoria, a nacionalização da empresa petrolífera e a tentativa de acabar com a imprensa independente. Lembremos que Kirchner associa publicamente sua condenação por corrupção ao CEO do Grupo Clarín, Héctor Magnetto. “Eles começaram a pensar na interdição no dia 9 de dezembro de 2015, quando souberam que cantamos vamos voltar”, disse em relação à posse presidencial de Mauricio Macri.
Ao final de sua apresentação, a vice-presidente condenada por corrupção convocou uma mobilização popular para 24 de março de 2023, coincidindo com as quatro décadas do retorno democrático. Ele até já deu o nome. “Argentina e democracia sem máfias. Nós, argentinos, merecemos.” Até lá, as candidaturas às Primárias Abertas Simultâneas e Obrigatórias já estarão claras. Veremos quantas ações peronistas Kirchner tem para essa data e, sobretudo, quanto valem. Por enquanto, tanto o dele quanto o do PJ estão negociando em baixa.
Fonte: PanAm Post