Vacinas da dengue e chikungunya podem diminuir surtos

O acesso às vacinas contra dengue e chikungunya, que estão sendo desenvolvidas pelo Instituto Butantan, poderá ser determinante para impactar os surtos destas doenças em toda a América Latina.

Vacinas da dengue e chikungunya feitas pelo Butantan podem diminuir surtos das doenças nas Américas, diz Opas.

Isso porque, mesmo que primeiramente sejam disponibilizadas no Brasil, o controle da doença no maior país da região tem o poder de mudar o cenário endêmico das arboviroses em todo o continente americano, explica Carlos Frederico Campelo de Albuquerque e Melo, consultor da Unidade Técnica de Vigilância, Preparação e Resposta a Emergências e Desastres da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). O especialista visitou o Butantan durante o International Centre for Genetic Engineering and Biotechnology (ICGEB), sediado no instituto no começo de novembro. 

Em sua palestra “Global perspectives for surveilance and control of arboviroses” (“Perspectivas globais para vigilância e controle de arboviroses”, em tradução livre), o epidemiologista destacou o mapa da incidência de arboviroses no mundo, sobretudo no Brasil, com destaque às estratégias da Opas para o controle da doença nos países endêmicos. 

Em entrevista ao Portal do Butantan, o epidemiologista afirmou que a vacinação será uma forte ferramenta para mudar este cenário epidemiológico, levando em conta as vacinas contra denguechikungunya e zika que estão em desenvolvimento pelo Instituto Butantan, e sua possível distribuição no Brasil após aprovadas. As duas primeiras estão em fase 3 de ensaios clínicos, enquanto a última ainda está em estágio inicial.

“As vacinas são uma forte ferramenta para promoção de saúde e ferramenta chave para impactar a incidência e a gravidade dos casos. Temos uma boa expectativa para que cheguem logo essas vacinas que estão fazendo falta para aprimorar o controle de arboviroses. Com certeza vai melhorar muito o cenário e impactar positivamente”, afirmou.

Pioneirismo do Butantan

Para o consultor da Opas, o Butantan tem um papel pioneiro no desenvolvimento destes imunizantes na região e capacidade de produzir vacinas para o acesso de grandes populações.

“Eu vejo a participação do Butantan com muito otimismo e felicidade. Está saindo na frente com a vacina da chikungunya bastante inovadora, e já está avançando em outras vacinas também. O Butantan tem uma capacidade de produção muito grande, qualidade e exerce um papel fundamental em toda a região. Se entrar em uma linha de desenvolvimento, vai permitir acesso a vacina para uma grande população, a começar pela brasileira”, destacou.

Impacto da vacinação

Ainda segundo o especialista, mesmo que a vacinação seja realizada somente no Brasil, em um primeiro momento, ela deverá ter um impacto considerável no controle dos vetores em todos os países das Américas, sobretudo pela dimensão e número de casos de dengue, zika e chikungunya localmente – o Brasil é o país com mais diagnósticos das doenças nas Américas, segundo dados da própria Opas. 

“A vacinação impactaria o continente pela condição geográfica, populacional, e pelo número de casos no Brasil, já que é o que determina a tendência do continente, seja em termos de magnitude da doença ou de exportação de casos”, explicou. 

De acordo com ele, a vacinação em massa por aqui poderia se tornar um modelo para outros países e regiões. “Traria um melhor cenário para a região das Américas e um potencial de expansão como um modelo. O que o Brasil faz se observa lá fora. Uma ação exitosa no Brasil favoreceria também que outros países adotassem a mesma ferramenta”, concluiu.

Fonte: https://butantan.gov.br

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