Instagram vs. realidade: lugares do mundo que só existem nas redes sociais

O meme “expectativa vs. reality” também se aplica a viagens, principalmente quando falamos dos seguintes lugares do mundo que só existem no metaverso dos filtros.

Existe um distúrbio psicológico muito particular que afeta apenas os turistas japoneses. É conhecido como a “síndrome de Paris” e foi descrito pela primeira vez pelo psiquiatra japonês Hiroaki Ota em 1986. E é que alguns viajantes do país japonês idealizaram tanto a Cidade do Amor que depois de visitar Notre Dame, a Torre Eiffel A torre ou, principalmente, a pintura da Mona Lisa começaram a sentir batimentos cardíacos acelerados, vertigens e até ataques de pânico.

O número de turistas japoneses com essa condição era tal na época que a própria Embaixada do Japão disponibilizou um número de assistência médica e até mesmo um serviço de repatriação de turistas. E se isso já acontecia nos anos 80 com as comédias românticas de Hollywood e os postais como referências, nem queremos imaginar como se gere esta síndrome no mundo das redes sociais.

E é que idealizar sempre foi perigoso, mas talvez hoje seja ainda mais. Basta navegar pelo Instagram e deparar-se com fotografias de vários locais saturados de cores ou, o mais suspeito, livres de turistas, para perceber que há um gato preso. É a guerra pelos “likes” e a armadilha para uma desilusão que nos invade nestes cenários seguintes.

PORTA DO CÉU (BALI, INDONÉSIA)

Bali tornou-se ao longo do tempo uma das grandes mecas do #wanderlusting: baloiços no meio da natureza, arrozais “virgens”, guias treinados para assistir a ‘tours no Instagram’ equipados com drones e, principalmente, ícones adulterados como o Gate of Sky of Templo de Lempuyang.

TEMPLO DE HAKONE (JAPÃO)

Há sítios que nos conquistam pela calma que nos transmitem. Um deles é o torii vermelho no lago do Templo de Hakone, no Japão. Porém, longe da imagem de um flâneur viajante que acaba se encontrando em meio a uma natureza mística interrompida por filhotes, a realidade é bem diferente: atrás daquela posição solitária há uma longa fila de turistas esperando sua vez e, possivelmente, eles estão xingando você por demorar muito.

O TAJ MAHAL “TAILANDÊS” (ÍNDIA)

Ninguém pode negar que visitar o Taj Mahal é uma das experiências de viagem mais fascinantes do mundo. No entanto, o grande ícone da Índia é também um dos mais sujeitos a montagens e ‘fakes’ nas redes sociais como o Pinterest ou o Instagram: o Taj Mahal sob uma lua que nem sequer está em Pandora, sob um céu ultra-roxo ou, o mais recorrente, o famoso mausoléu envolto em lanternas voadoras, principal motivo do Festival das Lanternas na Tailândia. Velas de manteiga são aceitas, mas alguém deve ter pensado que quem viaja para um país asiático viaja para um continente inteiro.

AS FLORESTAS “ROXAS” DA ILHA DE SKYE (ESCÓCIA)

O Photoshop não é mais apenas uma reivindicação para as capas de algumas revistas. Também o encontramos em muitas fotografias de viagem onde a saturação de cor (ou alteração cromática, diretamente) pode confundir toda uma legião de seguidores. Um bom exemplo é encontrado em uma fotografia das Fairy Pools na Ilha de Skye, na Escócia, cujas árvores roxas são realmente verdes. Aliás, a foto pertence ao conhecido Shotover River, na Nova Zelândia.

TEMPLO DE LISISTRATA (GRÉCIA)

Se você procurar uma foto do aparentemente esquecido Templo de Lisístrata, na Grécia, descobrirá um impressionante monumento com uma cúpula nua perfurada pelos raios do sol e localizado próximo a uma praia.

A realidade? Este templo não existe, pois a foto que costumamos encontrar pertence a uma montagem que funde uma fotografia do Panteão de Agripa, em Roma, e da Gruta de Benagil, no Algarve. Cuidado com a fotoshopografia ao escolher um destino.

PEDRA DO TELÉGRAFO (BRASIL)

Diferentes usuários publicaram um instantâneo impressionante pendurado em um pico rochoso “mais de 2.000 pés” acima de uma praia brasileira, acompanhado de frases filosóficas como “sentir-se vivo” e assim por diante. Mas não, o truque recorrente de se pendurar em uma estrutura que parece muito alta acima do vazio, já vimos isso o suficiente para saber que a Pedra do Telégrafo, perto do Rio de Janeiro, é uma rocha a poucos metros do solo. O truque é tirar a foto de um ângulo extremo enquanto, claro, uma fila espera atrás de você.

BANHOS DE SATURNIA (TOSCANA, ITÁLIA)

Você encontra uma foto de um influenciador tomando banho em uma enorme cachoeira seguida pela hashtag #paraíso. A princípio, pensamos que esse cantinho perdido realmente existe, mas se o visitarmos, descobrimos que uma boa perspectiva, o momento certo ou alguns toques de Photoshop são suficientes para transformar um exemplo de turismo de massa no primeiro lugar onde o ser humano corrida pôs o pé.

Os exemplos são dezenas: de alguns trechos da Muralha da China à Baía Maya tailandesa, passando por clássicos como as Termas de Saturnia, na Toscana, cenário onde hoje é quase impensável fazer um panorama de verão sem banhistas.

MONTANHA DAS SETE CORES (PERU)

Existem locais que se prestam mais a filtros, principalmente quando possuem uma paleta de cores bem variada. Ícones multicromáticos como o Parque Geológico Danxia (China) ou a Montanha Arco-Íris (Peru), bem como cidades como a icônica Cinque Terre, às vezes projetam uma imagem saturada de cores muito vivas. Basta aproximar-se destes locais para verificar que os tons não são tão fortes, nem o ambiente tão solitário como esperávamos.

Fonte: Condé nast traveler

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