
Uma pessoa adulta tem em média cinco litros de sangue. Em uma doação são coletados no máximo 450ml de sangue – pouco para quem doa, muito para quem precisa, pois não há nada que substitua esse composto de células que cumpre funções como levar oxigênio a cada parte do corpo, defender o organismo contra infecções e participar da coagulação, processo que consiste na transformação do sangue líquido num gel sólido, chamado de coágulo sanguíneo ou trombo, com o objetivo de parar uma hemorragia.
A campanha tem como objetivo sensibilizar e aumentar o número de doadores, conscientizando a sociedade da importância de promover esse ato de solidariedade e de cidadania, independentemente de se conhecer ou não pacientes que necessitam de transfusão.
No Brasil, até a década de 1980, o contexto histórico do sangue como terapia transfusional foi marcado pela remuneração da doação, que foi aos poucos incutida no imaginário coletivo, envolvendo sentimentos de troca, de favor, e não a solidariedade, o voluntariado como motivador.
Foi, portanto, a partir de 1980 que se evidenciou uma preocupação mundial sobre a segurança do sangue, em decorrência do aparecimento da Aids, e da proliferação de doenças transmissíveis via transfusão sanguínea, intensificando-se o debate e intervenções de autoridades sanitárias em busca do fim da remuneração da doação nos vários continentes.
O Decreto nº 3.960/2001 é responsável por regulamentar o parágrafo 4º da Constituição Federal, relativo às atividades em hemoterapia e ao ordenamento institucional da Política Nacional de Sangue, Componentes e Derivados. Logo no artigo 1º, reafirma-se a proibição da comercialização do sangue:
(..) vedada a compra, venda ou qualquer outro tipo de comercialização do sangue, componentes e hemoderivados, em todo o território nacional, seja por pessoas físicas ou jurídicas, em caráter eventual ou permanente.
Apesar de o Brasil ser referência na captação de sangue na América Latina, ter melhorado os índices de doação voluntária, e ter ampliado a faixa etária de candidatos à doação, muitos desafios ainda se apresentam, já que apenas 1,9% da população brasileira é doadora de sangue.
O doador de sangue pode ser classificado em doador de 1ª vez (doa pela primeira vez no serviço), de repetição (doa duas ou mais vezes em 12 meses) e esporádico (doa novamente após intervalo superior a 12 meses). Os serviços de hemoterapia procuram por doadores regulares porque se acredita que doadores que doam a intervalos de tempo já conhecem o processo, são testados periodicamente e podem fornecer um produto mais seguro.
Doação de sangue é o processo pelo qual um doador voluntário tem seu sangue coletado para armazenamento em um banco de sangue ou hemocentro, onde fica disponível para ser usado em transfusões que podem salvar a vida de pessoas com doenças hematológicas variadas, com câncer, que se submetem a cirurgias eletivas de grande porte ou para emergências.
Todo sangue doado é separado em diferentes componentes (hemácias, plaquetas e plasma) e assim poderá beneficiar mais de um paciente com apenas uma unidade coletada. Os componentes são distribuídos para os hospitais para atender aos casos de emergência e aos pacientes internados.
Condições básicas para ser doador:
– Ter entre 16 e 69 anos de idade (menor de 18 anos deve apresentar o formulário de autorização e cópia do documento de identidade com foto do pai, mãe ou tutor/guardião. Idosos devem ter realizado pelo menos uma doação de sangue antes dos 61 anos);
– Pesar mais de 51 quilos e ter IMC maior ou igual a 18,5 (descontar o vestuário);
– Há medicamentos que podem impedir a doação. Confira algumas restrições na lista de impedimentos;
– Apresentar documento de identificação oficial com foto (original ou cópia autenticada em cartório), em bom estado de conservação e dentro do prazo de validade. Documentos aceitos: carteira de identidade, carteira de trabalho, certificado de reservista, carteira nacional de habilitação, passaporte, carteira profissional emitida por classe. Também são aceitas as versões digitais dos documentos em aplicativos oficiais: carteira nacional de habilitação digital, e-título, registro geral digital e carteiras de classe digital. Não são aceitos crachás funcionais, carteiras estudantis nem certidão de nascimento ou prints de tela e fotos de documentos;
– Dormir pelo menos seis horas, com qualidade, na noite anterior à doação;
– Não ingerir bebida alcoólica nas 12 horas anteriores à doação;
– Não fumar duas horas antes da doação;
– É importante estar bem alimentado para doar sangue, assim como beber bastante água desde o dia anterior à doação.
Fique atento a algumas precauções:
Pelo menos três horas antes da doação, evite alimentos gordurosos, como açaí, abacate, leite e seus derivados (queijo, iogurte, manteiga), massas, frituras, ovos, maionese, sorvete, chocolate, etc. Se preferir doar depois do almoço, aguarde duas horas após ter se alimentado. O almoço deve ser leve, com carnes grelhadas, saladas, arroz e feijão sem carnes.
Importante:
O candidato à doação será avaliado por profissionais de saúde para verificar se está apto a doar. Seja sincero ao responder as perguntas feitas durante a triagem! Não omita informações importantes, pois disso depende a segurança do doador e do receptor.
Cuidados pós-doação:
– Permanecer na área de doação por, pelo menos, 15 minutos;
– Ingerir bastante líquido nas 24 horas seguintes à doação;
– Não ingerir bebidas alcoólicas nas 24 horas seguintes à doação;
– Evitar esforços físicos exagerados e trabalho que exija muita atenção nas 12 horas seguintes à doação;
– Não dirigir veículos pesados ou coletivos;
– Não dirigir motocicletas caso seja a primeira doação.
Intervalo entre doações:
– Mulheres podem doar até três vezes em um período de 12 meses, com intervalo mínimo de 90 dias entre as doações;
– Homens podem doar até quatro vezes em um período de 12 meses, com intervalo mínimo de 60 dias entre as doações.
Fonte: https://bvsms.saude.gov.br/