O Grupo de Amigos das Mulheres no Afeganistão, com representantes de 27 países, expressou profunda preocupação com a crescente “erosão do respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais de mulheres e meninas no Afeganistão pelo Talibã”, incluindo a limitação do acesso à educação para as mulheres e meninas.
Eles pediram ao “Talibã para reverter imediatamente a proibição efetiva da educação secundária de meninas no Afeganistão”.
Os membros do grupo pediram a Missão de Assistência da ONU no Afeganistão (UNAMA) a continuar monitorando de perto e relatando a situação.
Eles também “solicitam ao Representante Especial do Secretário-Geral que continue a se envolver com todos os atores e interessados políticos afegãos relevantes, incluindo autoridades importantes, nesta questão, de acordo com o mandato da UNAMA”.
O Grupo de Amigos das Mulheres no Afeganistão também enfatizou as conclusões do Fórum Econômico Mundial de que proibir as mulheres de trabalhar no governo e nos setores formais fará com que o PIB do Afeganistão se contraia em um mínimo de US$ 600 milhões de dólares e as restrições ao emprego de mulheres no setor privado podem levar a uma perda de produção de US$ 1,5 bilhão de dólares até 2024.
As escolas para meninas acima do sexto ano permaneceram fechadas por mais de um ano desde a tomada do poder pelo Talibã e ainda não houve uma decisão final a esse respeito por parte do grupo.
Enquanto isso as alunas expressaram repetidamente preocupações sobre seu futuro agora incerto.
“Pedimos que cumpram suas promessas e reabrem as escolas para meninas após a sexta série”, disse uma estudante.
“A única ambição que temos é a reabertura das escolas femininas. Com o fim de cada noite e quando a manhã chegar, acho que agora vão nos dizer para irmos à sua escola”, disse outra estudante.
“Um dia de escolas fechadas terá enormes efeitos históricos e intelectuais. Acredito que as mulheres afegãs têm capacidade em muitas áreas, então não apenas as escolas serão reabertas, mas também as oportunidades de trabalho devem ser oferecidas para elas”, disse Najibullah Jami, analista político.
A visão de um grupo extremista
O Afeganistão foi declarado pelo Talibã um Emirado Islâmico em agosto de 2021, logo após a retirada do Exército Americano do país e subsequente ocupação de seu território por parte do grupo extremista.
O Talibã ainda não comentou a declaração do grupo, mas havia declarado no ano passado que os direitos humanos e das mulheres seriam garantidos no Afeganistão. Todavia, acresceu que seria “dentro dos limites do Islã”.
O Talibã é conhecido por sua interpretação rigorosa da Lei Sharia e pela aplicação de severas punições aqueles que descumprem suas leis.
Seu ideologia é descrita como uma mistura de fundamentalismo islâmico com os costumes das tribos pashtuns, que ocupam com maior densidade o leste e o sul do Afeganistão. As tribos pashtuns também compõem um dos maiores grupos étnicos do país.
O país é profundamente tradicional e tribal com a vida quotidiana quase sempre girando em torno de tribos, famílias e clãs.
Com informações de TOLOnews