
Conceito não é novidade, mas é reforçado pelas novas gerações e mudanças nos hábitos de consumo
Por volta dos anos 2000, era comum encontrar em catálogos de marcas de varejo produtos como perfumes e acessórios unissex. Em 2017, um modelo de tênis esportivo lançado por uma marca de luxo deu ainda mais força para o que hoje chamamos de moda genderless (do inglês, sem gênero).
Se antes, mídias como televisão eram responsáveis por difundir tendências e produtos no mercado, hoje esse lugar é ocupado em maior parte pela internet. A velocidade com que as informações circulam de uma ponta a outra do mundo, e a facilidade com que qualquer pessoa cria conteúdo contribuem para que mudanças de comportamento fiquem mais visíveis e ganhem mais força.
Quer saber tudo sobre a moda genderless, suas implicações e curiosidades? Então continue acompanhando este conteúdo.
Geração Z: a voz da mudança
Quando se fala em moda genderless, sem gênero ou agênero, estamos falando de um tipo de comportamento que resgata valores já existentes, atualizados para a nova geração. Artistas como David Bowie, Madonna, Boy George, Ney Matogrosso marcaram a história com seus visuais andróginos e questionando a própria noção de gênero dentro e fora das artes.
Preocupados com questões mais sérias como sustentabilidade, igualdade social e, claro, liberdade de expressão, as gerações atuais viram na moda um dos principais canais para se posicionarem a respeito das coisas.
Coco Chanel mostrou ao mundo que mulheres poderiam usar calças no século XX, enquanto Lea T expande a discussão do que é ser mulher dentro e fora do mundo da moda.
Moda como forma de expressão sem limites
A moda tem diversas funções, e uma delas é representar visualmente questões de um determinado período da sociedade. Se uma geração inteira olha mais para o processo de produção de uma roupa do que para a rotulação que já não faz tanto sentido, é indício que a moda como conhecemos está mudando.
O movimento sem gênero pode ser entendido de diversos aspectos, mas quando falamos especificamente de moda, alguns deles chamam atenção.
Roupas de segunda mão
Embora seja uma geração mais conectada e mais flexível que as anteriores, a geração Z enfrenta um cenário constante de incertezas econômicas e até mesmo de futuro. Sendo assim, comprar roupas de segunda mão em brechós ou lojas especializadas é mais barato, e na teoria, ajuda a reduzir os impactos ambientais da produção descontrolada de novas peças.
Valorização de criações autorais
Comprar ”de quem faz” é uma forma de incentivar comércios locais, desenvolver uma nova forma de consumir e que casa perfeitamente com a redução do ritmo industrial tão prejudicial ao meio ambiente.
Nunca se viu tamanha quantidade de lojas autorais e projetos de upcycling, em que existe maior transparência sobre o processo de produção das peças, e a comunicação é feita quase que exclusiva para cada consumidor.
Liberdade para ser quem você é
Mesmo incentivando uma maior consciência coletiva, a geração Z é mais autocentrada, e isso se reflete na busca por uma individualidade. Isso claro, se reflete nas roupas, e o que chamamos de tendência agênero é uma manifestação clara de como ser fiel aos próprios valores é mais importante do que responder a padrões que já não fazem mais sentido.
Não é preciso ir longe para entender esse processo. Celebridades como Harry Styles, Rebecca Black, Timothée Chalamet são apenas alguns exemplos de como quebrar a barreira do óbvio pode ser libertador para essas identidades.
Ao mesmo tempo que esses jovens buscam na moda sem gênero uma forma de se mostrar para o mundo, eles buscam identificação de grupo ao se tornarem influência para os demais.