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O Poder do Perdão

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No dia 27 de março desse ano, Will Smith subiu ao palco da apresentação mundial do Oscar e deu um tapa no rosto do também ator e comediante Chris Rock. – Motivo? O comediante fez uma piada com a calvície da atriz e esposa de Will, Jada Pinkett Smith. Ela perdeu os cabelos devido a uma doença autoimune chamada alopecia. – Minutos depois o astro recebeu o Oscar de melhor ator, ao subir ao palco ele se desculpou pelo ocorrido, mas já era muito tarde para conter a repercussão que seu ato impensado traria sobre ele, e todos a sua volta.

Alguns dias depois o ator foi banido por dez anos da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Ele só poderá comparecer e participar novamente no dia 08 de abril de 2032. Will se afastou da mídia, parou de fazer publicações na sua conta no Instagram. Hoje ele reapareceu com um pedido de desculpas formal e falando pela primeira vez depois de três meses do ocorrido.

Muito foi dito e especulado, coisas boas e coisas ruins. Certamente qualquer pessoa conectada à internet soube do ocorrido e todas as piadas envolvendo o incidente. Confesso que sou fã do Will Smith, e quando soube e vi toda a cena fiquei realmente preocupada com o que realmente estava acontecendo com ele. – O Oscar é o momento culminante na carreira de um ator. Foi para isso que ele trabalhou toda a sua vida. Mesmo que você não saiba nada sobre cinema deve já ter visto a emoção dos atores ao segurarem aquela estatueta nas mãos. – Além da emoção vem os contratos, o status, e o mundo todo sabe que você chegou ao patamar dos deuses do cinema.

Não parei de pensar que o ocorrido era uma demonstração claro de como o sucesso é efêmero, difícil de ser conquistado e tão facilmente perdido. – Certeza que ficou um gosto amargo e salgado na boca dele, pois de repente aquela estatueta parecia consagrar o seu pior momento, sua falta de controle sobre seus sentimentos. – Atire a primeira pedra quem jamais perdeu a cabeça. – E aí você percebe o quanto ele é humano, apesar de todo o peso de ser “Will Smith” e está sob os holofotes, ele agiu como qualquer um que sente raiva e perde a compostura.

– Violência não pode ser justificada sob nenhuma circunstância. – Mas se nós que somos tão humanos quanto ele não oferecermos o perdão, o que seremos? – Ele tem direito a ser perdoado e voltar a brilhar naquilo que melhor sabe fazer, nos levar a sorrir e a torcer que ele saia vivo no fim de cada novo filme. Os heróis também erram e caem dos seus pedestais. Ele não matou ninguém, perdeu a cabeça diante de uma provocação, e digo.

Muitos atores já se viram constrangidos em cerimonias do Oscar, muitos até mesmo ridicularizados. – Pois o Oscar nada mais é, que uma reunião de deuses cruéis, mortais, que gostam de brincar de ferir e fazer sorrir. E se você for tolo suficiente como o Will foi em revidar e não jogar vai acabar banido e tendo de pedir desculpas até que a memória do Google fique caduca. – Nós meros mortais precisamos entender que os deuses de Hollyood tem formas estranhas de “brincar uns com os outros” e depois exigir um sorriso falso, como o que Will deu antes de mostrar que apesar de estar no salão com os deuses ele agiu como o mortal que não soube aceitar a provocação.

Cabe a nós, meros mortais, perdoar Will Smith para que ele volte a fazer o seu melhor, nos encantar com seu talento. – Chega de dor, é hora de perdão. Pois se continuarmos a punir seremos tão hipócritas quanto as piadas da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. – Bem-vindo de volta Will Smith.

Beijos mordidos

 

 

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Nazareth Fonseca

Nazareth Fonseca é escritora e jornalista e já conta com dez livros publicados, entre eles a série Alma e Sangue. Aficionada em filmes, séries e livros gosta de escrever sobre tudo que lê e assiste.
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