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COP26 e os negócios sustentáveis da Amazônia

Pimenta-do-reino, guaraná, açaí. Riquezas que a Amazônia produz e são referências em qualidade dentro e fora do país. No último dia de apresentações da Cúpula do Clima (COP26), na sexta-feira, dia 12/11/21, o Brasil mostrou como recursos naturais da maior floresta tropical do mundo podem ser extraídos e comercializados de forma sustentável, protegendo a natureza e gerando empregos verdes.

Durante painel diretamente de Glasgow, na Escócia, cidade anfitriã do fórum sobre mudanças climáticas, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, conversou com duas instituições cujos negócios têm origem no “DNA” da Amazônia. E não é de agora. A Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (Camta), por exemplo, surgiu no Pará em 1931 por iniciativa de imigrantes japoneses.

Entre fartura e dificuldades com as plantações, a entidade passou a contar com a ajuda de moradores ribeirinhos, que, por nascerem e crescerem ali, tinham o conhecimento da floresta. “Foi quando nasceu o sistema agroflorestal de produção da cooperativa. Agora, o açaí, o cacau, a mandioca, a pimenta-do-reino convivem em harmonia e dividem o terreno uns com os outros e também com a própria floresta nativa”, contou a gerente de Relações Institucionais da Organização Cooperativas Brasileiras (OCB), Fabíola Nader.

Atualmente, as atividades são feitas em cinco mil hectares. “Ali, as plantas de uma cultura servem de adubo para o crescimento e o fortalecimento de outras plantas. Isso mantém o solo úmido e fértil, respeita o clima e a biodiversidade”, explicou. “Imitando o ciclo natural da floresta, esse modelo de agricultura não empobrece o solo e aumenta a produtividade”, garantiu a gerente.

O ministro Joaquim Leite parabenizou a iniciativa e falou sobre a importância das cooperativas no país. “Via cooperativismo, seremos mais fortes, inclusive, no desafio de uma nova economia verde. O interessante aqui é mostrar o Brasil que faz o cooperativismo e está fazendo um belo papel”, disse.

O sistema agroflorestal da cooperativa tem a capacidade de produzir 800 toneladas de cacau por ano, o que, além de outros cultivos, geram um faturamento de R$ 50 milhões anuais. Os produtos são exportados para Estados Unidos, Alemanha, Argentina e Japão. Este último país, inclusive, premiou o chocolate brasileiro, produzido a partir do trabalho da Camta, com o selo das Olimpíadas de Tokyo (2020).

A entidade ainda é responsável pela produção de seis mil toneladas de polpas de frutas, sendo que a metade é exportada, além da extração de óleos, como o de Andiroba, usado no tratamento de reumatismo, artrite e outras inflamações. “A Camta é, então, a prova de que a sustentabilidade e a produção podem andar de mãos dadas. Esse modelo agroflorestal garante o sustento de 800 cooperados, ao mesmo tempo que mantém viva a floresta amazônica”, destacou Fabíola Nader.

Com a técnica utilizada pela cooperativa, é possível produzir sem queimar a floresta, segundo a representante da OCB. De acordo com estudo da Embrapa, o modelo ainda é capaz de reduzir em até cinco vezes as emissões de gases de efeito estufa em comparação com os outros tipos de sistemas. “Essa tecnologia foi classificada pela ONU como um dos 15 casos mais importantes do que eles chamam de big push [grande empurrão, em tradução livre] para sustentabilidade no Brasil”, ressaltou.

Na palestra, Fabíola Nader falou do potencial do Brasil em exportar modelos sustentáveis na agricultura. Ela citou o exemplo de algumas cooperativas do Paraná que aproveitam dejetos e passivos ambientais para produzir adubo orgânico e gerar energia limpa por meio de biomassa. “[Juntas, elas evitam] a emissão de mais de 40 milhões de metros cúbicos de gás metano por ano”, afirmou.

Amazônia: patrimônio genético

Outro case de negócios na Amazônia apresentado no painel foi o deuma loja virtual que vende produtos orgânicos, como óleos e ervas. O fundador, Luís Felipe Aranha, começou a empreender na região há 17 anos. O foco da empresa é na saúde e no bem-estar dos clientes por meio de produto feitos com matérias-primas da Amazônia.

Ele citou a parceria com um laboratório norte-americano que, a partir da biotecnologia, utiliza cana-de-açúcar para criar uma levedura que reconstrói o esqualano, substância usada pela indústria de cosméticos para produção de hidratantes corporais. “Essa substância era tirada do óleo de fígado de tubarão. [Agora,] deixaram [o laboratório] de matar dois milhões de tubarões por ano”, destacou Aranha.

Para ele, a floresta é um grande patrimônio genético. “O solo da Amazônia é onde está toda a riqueza, onde a gente sabe que a maior briga biológica do planeta está ali. Ali tem tudo que você possa imaginar de antibiótico para a indústria farmacêutica”, disse.

Aranha também falou sobre a chegada do 5G na região. “Imagina o que isso significa, na Amazônia: e-commerces, lojas virtuais aparecendo, podendo sair da Amazônia, como nós, e indo para o mundo inteiro, atingindo mercados, a partir do acesso aos dados [móveis de conexão]”, comentou. “A Amazônia é um campo fértil para empreender e agregar valor”, acrescentou.

O ministro do Meio Ambiente completou dizendo que é “impossível empreender sem comunicação, sem educação e sem conhecimento”. Leite enfatizou que o leilão do 5G priorizou o desenvolvimento da floresta amazônica. “É um leilão que olhou não para a outorga que viria para o Tesouro Nacional, mas, sim, para o projeto de colocar, na Amazônia, sem cortar árvore, uma estrutura de 5G fantástica para empreender lá”, afirmou.

Fonte: www.mma.gov.br

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