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O interesse da China na água, o Brasil está em perigo?

Existe uma predisposição para compartilhar a água, disse o PR da WWC.

O presidente do Conselho Mundial da Água (WWC), o brasileiro Benedito Braga, vê uma “predisposição” internacional para compartilhar água, um bem cuja gestão foi discutida no Fórum Mundial da Água.

Estando em seu segundo mandato à frente da entidade que organizou o 8º Fórum Mundial da Água, realizado em Brasília em marco de 2018, Benedito Braga voltou ao Brasil para discutir soluções com cientistas e líderes políticos para um mundo em que bilhões de pessoas não têm acesso garantido à água potável.

Qual é a prioridade da crise mundial da água?

Dê segurança à água. Que todas as pessoas têm o direito de tê-lo em quantidade e qualidade suficientes para satisfazer suas necessidades básicas.

Todos os países devem ter esse alto entre suas prioridades, porque enquanto houver segurança hídrica, haverá alimentos, energia, saneamento e segurança sanitária.

E a política está respondendo?

A política reage às crises. À medida que as crises se desenrolam em outros países, aparecem sinais de alerta e são uma maneira de aumentar a conscientização dos políticos para que trabalhem preventivamente antes que uma crise ocorra em seus países.

Hoje, todo mundo sabe o que aconteceu em São Paulo, Califórnia, África do Sul e Portugal. E amanhã será a vez de outra pessoa.

Existem movimentos no Brasil para aumentar a disponibilidade de água no nordeste, que está seca há sete anos, há as usinas de dessalinização que a Austrália construiu durante a seca do milênio [2000-2010] e todos os trabalhos realizados no estado de São Paulo.

Mas os países mais pobres da África, por exemplo, têm grandes dificuldades porque essas obras custam muito dinheiro e carecem desses recursos. Aí vem a ajuda dos mais ricos.

E como é financiado o déficit de infraestrutura?

É algo que estamos vendo na WWC, como envolver o setor privado. Mas a diferença para abordar a segurança hídrica global é muito grande (entre US $ 150 bilhões e US $ 300 bilhões, segundo a WWC).

Isso vai levar muito tempo, porque esse dinheiro não está disponível. E aí a política entra novamente, porque a demanda é muito grande e a disponibilidade reduzida, e é necessário priorizar.

Quais são suas expectativas com capital privado?

Essa é uma questão complexa, porque houve casos na América do Sul, com a privatização dos serviços de saneamento nos anos 90, o que deixou muita confusão devido a problemas com a taxa de câmbio e com a política. E o setor privado foi embora.

Hoje, os chineses estão muito interessados ​​em água, usinas hidrelétricas, saneamento, principalmente na África. Mas garantir a estabilidade política para investimentos de longo prazo é complexo.

Durante o fórum, houve muitas mensagens dramáticas sobre a crise global. Você está otimista com o futuro?

Eu sempre vejo o copo de água meio cheio. Mas também há razões para ser otimista. Por exemplo, o caso de rios transfronteiriços. Existem mais de 260 bacias hidrográficas compartilhadas por dois ou mais países. Existem 1.800 fontes potenciais de conflito (…) que terminaram em acordos de cooperação em 99% dos casos.

Esta foi a entrevista concedida à AFP durante o fórum mundial.


O que diz Braga na ONU?

A água é um pré-requisito para todo o desenvolvimento.

Acreditamos firmemente que a água deve ser apreciada, não apenas como um fim em si mesma, mas como um meio para todas as outras dimensões do desenvolvimento, seja segurança alimentar ou energética, melhores meios de subsistência, empoderamento das mulheres, prevenção de doenças, proteção do ecossistema, maior resiliência a mudanças globais ou a uma infinidade de outros domínios.

Quem é Braga?

Braga é autor de vários livros e possui doutorado em recursos hídricos em Stanford, mas longe de ser um homem encapsulado na academia, em 2014 ele esteve na vanguarda da resposta à grave escassez que atingiu São Paulo, uma das maiores cidades. do mundo.

Benedito Braga é secretário de Saneamento e Recursos Hídricos do estado de São Paulo e professor de Engenharia Civil e Ambiental na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), Brasil. Ele se formou na mesma universidade em 1972 e possui um mestrado. em Engenharia Hidráulica pela USP, um M.Sc. em Hidrologia e Ph.D. em recursos hídricos da Universidade de Stanford, EUA.

Ele foi membro do comitê do Programa Hidrológico Internacional da UNESCO que projetou sua fase V. Na UNESCO, foi eleito Presidente do Conselho Intergovernamental do Programa Hidrológico Internacional.

Atuou no Conselho de Administração da Agência Nacional de Águas – ANA de 2001 a 2009. Foi presidente da Associação Internacional de Recursos Hídricos (1998-2000) e presidiu o Comitê Diretor Internacional do 6º Fórum Mundial da Água, realizado em Marselha em março de 2012.

Ele recebeu o Crystal Drop Award de 2002, concedido pela Associação Internacional de Recursos Hídricos – IWRA em reconhecimento por suas realizações na vida na área de gerenciamento de recursos hídricos. Em 2009, o Prof. Braga foi premiado como Membro Honorário da Associação Americana de Recursos Hídricos – AWRA por sua eminência no campo dos recursos hídricos. No mesmo ano, recebeu o Prêmio Flavio Terra Barth da Associação Brasileira de Recursos Hídricos por suas contribuições às políticas de recursos hídricos do Brasil. Em 2011, ele recebeu o diploma honorário da Sociedade Americana de Engenheiros Civis, devido à sua longa e distinta carreira no campo dos recursos hídricos.


Imagem de destaque: Suécia, Anders Nyberg


“Quando o assunto for água, coloque sempre como prioridade em suas agendas, interresse-se pelo assunto, pois dela depende sua vida” e o desenvolvimento do seu país”

Paulo Fernando de Barros

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