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Bioeconomia como disciplina e atividade escolar

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A Bioeconomia é um setor intrinsecamente ligado aos núcleos de pesquisas em Biociências, Tecnologias de Informação, Robótica e Arquitetura com o fim único de transformar conhecimento e criação de novas tecnologias em inovação tanto para a indústria quanto para a sociedade. Portanto, a Bioeconomia enxerga a solução para o planeta na Educação e na Pesquisa, usadas como ferramentas imperativas para desenvolvimento pessoal e investigação acadêmica a fim de que seja possível empreender um estilo de vida eco-friendly e que mantenha o planeta a salvo.

A política ambiental da Noruega e sua atuação nos campos de Educação, Pesquisa, Arquitetura Inteligente, Bioeconomia, Gestão de Madeira, Proteção Florestal e Energias Limpas têm conduzido o país às mais altas posições no ranking dos melhores países para se viver, rendendo-lhe o título de “O País mais Próspero do Mundo”. A proposta-missão na Noruega está justamente em oferecer soluções inteligentes, responsáveis, conscientes, coerentes, eficazes e concretas para os grandes desafios sociais como mudanças climáticas, substituição de recursos fósseis, segurança alimentar e saúde da população. Atualmente, na Noruega, cientistas ainda não estão satisfeitos com seus avanços porque segundo eles é necessário haver muito mais interação entre as empresas e os centros acadêmicos, a parceria entre as empresas e as escolas é imperativa e essencial.

A Educação Norueguesa contempla os temas da Bioeconomia nas escolas e conta com a parceria das empresas de aprendizado, onde os estudantes aprendem de forma prática e realizam projetos funcionais. O diferencial é a vivência, o quanto se está habituado ao assunto como parte integrante da vida diária e o incentivo não apenas para se pensar soluções em efetivo, mas também, e sobretudo, para apresentar projetos.

O que envolve um estudo sobre Bioeconomia afinal?

O relatório sobre as visões para a Bioeconomia Circular na Escandinávia (Reime et al. 2016) fornece uma visão útil da Bioeconomia em geral, mas principalmente, na Noruega. Este relatório esclareceu os setores dominantes e demonstrou a importância, por exemplo, da bioeconomia azul na bioeconomia norueguesa. Com base nisso, concluiu-se que Bioeconomia envolve também os setores que tratam e manuseiam biomassa, silvicultura, gestão de resíduos, tratamento de águas residuais, biotecnologia, agricultura e produção de alimentos e bebidas. Destarte, pensar abordar Bioeconomia nas escolas é plenamente possível desde o jardim de infância porque todos os setores acima citados que estão muito ligados à Bioeconomia fazem parte da vida das pessoas desde o nascimento.

Na literatura de pesquisa sobre Bioeconomia estão presentes ainda os recursos biológicos, o processamento e a atualização de materiais e todas as áreas ligadas a Ciências e Matemáticas, especialmente, os dos setores de tratamento de resíduos orgânicos e águas. Em suma, um bom projeto sobre Bioeconomia deve trabalhar, primordialmente, a questão da gestão do lixo, da água e, em última análise, da agricultura. Então, uma escola que mantenha trabalhos voltados para educação e conscientização sobre manuseio e descarte de detritos e limpeza das águas, e também horticultura estará transmitindo aos seus estudantes bons conceitos e boas aplicações práticas sobre a Bioeconomia. Logicamente, é essencial que os professores estejam bem preparados para explicar e demonstrar a aplicabilidade do tema Bioeconomia. É muito útil que as escolas promovam concursos e premiações de projetos de áreas verdes, hortas escolares e manejo e gestão de lixo dentro das próprias escolas ou do bairro em que a escola se encontra. Organizar mutirões com os alunos e seus pais também constitui uma excelente iniciativa que é benéfica para os bairros e para as cidades.

Bioeconomia, talvez, seja um dos temas mais comentados na Noruega hoje e, na verdade, em toda a Europa, onde os governos têm buscado preparar estratégias públicas e acordos para aplicação de todas as técnicas necessárias para uma transição eficaz e segura para a Bioeconomia. Estudiosos da área, no entanto, têm se manifestado no sentido de assinalar que a Bioeconomia é uma realidade tão cotidiana em países como a Noruega, que o termo “Bioeconomia” não deveria mais sequer ser usado, simplesmente por não fazer sentido algum, já que tudo é Bioeconomia, e que, hoje, no século XXI, não há como pensar o mundo sem pensar estratégias políticas ligadas à Bioeconomia, e que os governos, as indústrias, as empresas e as escolas já respiram Bioeconomia em todas as suas ramificações como Bioeconomia integrada, Bioeconomia circular, Bioeconomia azul, Biotecnologia, Bioenergia, Biomassa, Biogás, Bioindústrias, Biosetores, Biosegurança, Bioaqua (aqüicultura), Bioestatística, Biologia Digital e inteligência Artificial, Bases Biológicas, Gestão de Resíduos, Recursos Naturais, Recursos Marinhos, Silvicultura, Recursos de Mineração; entre outros. Um importante relatório intitulado “Biologia Digital na Noruega” que versa sobre oportunidades para criar valor, necessidades de competências e desafios no desenvolvimento econômico foi apresentado na Conferência da Vida Digital em Oslo. O relatório é o resultado de uma extensa pesquisa de um núcleo de projetos que inclui a Faculdade de Medicina da Universidade de Oslo e Faculdade de Matemática e Ciências Naturais; e demonstra claramente a preocupação das áreas de Medicina e Matemática em relação à matéria.

Muitos países têm se inspirado no Reino da Noruega. Governantes de todas as partes têm ido pessoalmente à Noruega e, em muitos casos, já fecham algum tipo de acordo. Foi o que fez a Índia. Já são quatro projetos conjuntos de pesquisa em Bioeconomia indo-norueguesa anunciados nos termos do Acordo de Cooperação em Ciência e Tecnologia celebrado entre o Governo da Índia e o Governo do Reino da Noruega. O Departamento de Ciências e Tecnologia (DST) do Governo da Índia e o Conselho de Pesquisa da Noruega (RCN) também iniciaram um programa de cooperação conjunta. E o financiamento de projetos de pesquisa conjuntos indo-noruegueses na área de Bioeconomia foi mutuamente pactuado para alcançar resultados científicos de “classe mundial”. De acordo com um comunicado, os projetos financiados nesta convocação fortalecerão a colaboração de pesquisa entre a Noruega e a Índia no âmbito da agricultura e alimentos baseados em terra, biotecnologia, aqüicultura, bioenergia e biocombustíveis. Os projetos são de alta qualidade e atendem ao objetivo-alvo: que o projeto deve fortalecer as atividades de pesquisa já em andamento em cada grupo de pesquisa e contribuir significativamente para o valor agregado a essas atividades em andamento. O financiamento total disponível é de NOK 30 milhões. Dentre os projetos mais proeminentes estão: Abordagens Biotecnológicas para a Prevenção e Controle da Doença dos Peixes na Bioaqua (Aqüicultura) – Universidade Norueguesa de Ciências da Vida e Centro de Educação e Pesquisa em Ciências (NUCSER); Emissões de gases do efeito estufa na aplicação do Biogás em sistemas de produção de arroz – Instituto Norueguês de Pesquisa em Bioeconomia e Escola de Biotecnologia Universidade; Produção de combustíveis e biogás usando catalizadores de nanoestrutura – Departamento de Química, Universidade de Anna.

A Bioeconomia é, sem sombra de dúvidas, o assunto do momento, basicamente, porque os conceitos trabalhados estão totalmente interligados a outros de alta relevância como alterações climáticas, a segurança alimentar, a saúde, a reestruturação industrial, a segurança energética, as políticas de prevenção no espectro ambiental, a agricultura e a pecuária, as culturas rurais, a educação para a biodiversidade, a criação de valor e trabalho; todos esses temas considerados “grandes desafios da política mundial”. Segundo declaração da Comissão Européia “a natureza colateral da Bioeconomia oferece uma oportunidade única para abordar de forma abrangente os desafios sociais inter-relacionados, como segurança, escassez de recursos naturais, dependência de recursos fósseis, mudanças climáticas e crescimento econômico sustentável ”.

A aplicação da Bioeconomia pressupõe mudança de paradigmas, e essa mudança somente pode ser realizada por meio da educação em todos os setores desde escolas até os governos. Essa educação, cabe ressaltar, tem de vir com o suporte das áreas de Pesquisa, Ciências, Inovação e Tecnologia; logo, educadores, pesquisadores e cientistas têm um longo caminho a trilhar e muito trabalho a desenvolver, sendo, certamente, os profissionais do futuro. Na Noruega, nos últimos meses, a procura por professores têm aumentado em vários condados, assim como têm aumentado a quantidade de jovens que têm escolhido o magistério como primeira opção de trabalho.

A inserção da Bioeconomia como disciplina e atividade escolar não é uma iniciativa futurista; pois, como demonstrado aqui a Bioeconomia é uma realidade e um assunto que afeta a todas as pessoas e o planeta. E, os assuntos tratados são de uma simplicidade surpreendente. É completamente possível falar de plantar alimentos, de alimentação, de animais, de florestas, de água e de lixo quando se fala em Bioeconomia. É algo tão natural que não há qualquer dificuldade em abordar e integrar ao cotidiano escolar.

Presentemente, em todo o mundo, cientistas têm enfatizado que para alcançar com sucesso o desenvolvimento da Bioeconomia, urge sistemas de políticas integradas e atividades baseadas no engajamento das partes interessadas (Governo – Indústrias – Empresas – Escolas) em um diálogo aberto, e evidenciando que governo e indústria devem se comprometer a apoiar a inovação necessária para promover esse desenvolvimento.

Assista à animação sensacional da NMBU sobre Bioeconomia – Clique aqui

NMBU – The Bioeconomy in Norway

Fontes para consulta:

Conselho de pesquisa

Biotecnologia – Universidade de Oslo

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PDF – relatório DEN DIGITALE BIOTEKNOLOGIEN I NORGE. Muligheter para verdiskaping, kompetansebehov og utfordringer e næringsutvikling PDF .

PDF – Relatório sobre Resíduos e aproveitamento

Projetos indo-noruegueses

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