Arte

Cultura importa, sim senhor!

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Através da cultura conhecemos a real face de um povo.

O antropólogo britânico Edward Burnett Tylor em seu livro Primitive Culture-Primitive culture: researches into the development of mythology, philosophy, religion, art, and custom, definiu cultura como sendo “todo aquele complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro da sociedade”.  A cultura é um dos elementos de unidade social de um povo, a língua é outro, que permite que pessoas se identifiquem como membros de uma mesma comunidade. Dentro de um mesmo povo pode, obviamente, existir não uma só cultura, mas culturas, que representam os ideais e valores de certos grupos sociais, como também etnias, como o antropólogo brasileiro Roque de Barros Laraia afirma ser “possível e comum existir uma grande diversidade cultural localizada em um mesmo tipo de ambiente físico.” A cultura que uma elite intelectual abraça nem sempre é a mesma que o povo iletrado se identifica mas nem por isso uma é superior a outra. Os bandolins de Jacob dos bandolins , luperce de Miranda , o piano de Tom Jobim não são superiores ao funk de Anitta pois , antropologicamente, são nítidas manifestações culturais.

O teatro de Santa Isabel e suas magnificas apresentações, as produtoras de teatro pernambucanas e suas obras cativantes, o cinema pernambucano, guerreiro e sedutor, os escritores da terra, de João Cabral de Melo Neto a Raimundo Carreiro, o brega, o funk, as modas de viola, o forró, tudo se revela e se encerra baixo uma única palavra: Riqueza e diversidade. Tal riqueza e diversidade devem ser defendidas, abraçada e promovidas, pois elas mostram o que somos como povo, falam de nossa historia e apregoam nossos valores. Um teatro vazio é o sinal da pobreza intelectual de um povo, um show ser descriminado por ser “rotulado” como pertencente a certa ideologia é a insensatez reinando, a musica por ser popular , sensual e eufórica ser menosprezada é a voz do preconceito que fala.

Cultura é o meio pelo qual o povo é eternizado e defender a cultura é defender a inteligência de um povo, a sua história e a esperança de se ter um futuro. As culturas devem ser lidas, relidas, assistidas, amadas, acolhidas… Economia e segurança são importantes, sim, obvio, pois sem isso não há solidez e modo de preservar a memória autóctone, mas nunca deve estar na mão do governo dar apoia a certos aspectos culturais e suas expressões, em detrimento de outras. Cultura importa e a educação deve preparar, sem dúvida,  o povo tanto para o mercado de trabalho como para as artes e erudição. A cultura não pode ser refém da ideologia nem da economia de um país.

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Carlos Alberto

Formado em Letras pela UFPE e fluente em inglês e espanhol com certificados internacionais em ambas as línguas. Escreve artigos sobre literatura , educação, cinema e política. Palestrante e debatedor dos temas já mencionados.

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