
– Oh, São Paulo! Tá chegando gente uma gente nova ai já já.
– Quem são, São Cristóvão?
– Não sei o nome deles, não estavam aqui na minha lista pra hoje.
– Affff, vou ver então… Oh, São Carlos! Vem aqui por favor. Está chegando uma leva de pessoas lá de baixo que não estavam no manifesto de hoje, você sabe quem são?
– Hummm!! Sai não SP, já perguntou para o Santo André?
– Não, vou ver então… Santo André! Vem cá meu filho! Esse pessoalzinho que está chegando aí, é teu?
– Eita! Né não, parecem boa gente, mas não são dos meus não. Já viu com o Caetano?
– Não, vou ver. Obrigado.
– Que isso? Disponha.
– Oh, São Caetano, dá um pique aqui meu irmão! Esse povo que ta chegando ai, é da tua área?
– Hum, deixa ver, Hummm!!! Moça, dois, homens… né não, mas, estão com cara de ser do Tadeu, já perguntou pra ele SP?
– Ainda não, valeu… O São Judas Tadeu, cadê esse santo, sempre querendo ajudar a resolver o Impossível e a gente nunca acha ele… a tá ali.
São Paulo da uma corrida e se chega perto de São Judas Tadeu que estava sentado, cabisbaixo.
– EsseJota esse pessoal que está chegando ai de baixo é teu?
São Judas levanta ainda cabisbaixo e meio choroso e..
– São sim, São Paulo, infelizmente são todos meus sim. Tantos sonhos, tantas possibilidades, tantas promessas e por conta de pouca coisa, vem para cá mais cedo do que deveriam. Pode Deixar São Paulo, eu recebo os meninos.
Ainda cabisbaixo, São Judas Tadeu caminha para o portão de chegada, abre e aqueles dez meninos ainda espantados sem nada entender direito o que havia ocorrido se espantam de serem recebido por São Judas Tadeu. Este então com muita força de vontade, abre um sorriso forçado, s braços e os chama.
– Olá meu meninos! Venham, venham, não tenham medo, está tudo bem…
Os meninos seguem São Judas Tadeu e começam a ver coisas diferentes e começam a perguntar.
– Moço, aquele barbudo ali quem é?
– São Paulo e perto dele é São Pedro.
– E aquela casa grandona lá?
– Ali mora o Pai e nosso irmão Jesus, com sua mãe Maria,
E assim eles vão vendo o céu até que chegam na frente de um grande portão que abre, eles entram e começam a ver algumas figuras mais conhecidas deles, olham não acreditam, mas, começam a cochichar um com o outro…
– Cara, ali, é o Leônidas da Silva…
– Caracas, Zizinho e Domingos da Guia…
– Mermão, olha ali o Biguá e o Doval
– Olha lá do lado… Esquerdinha, o Friedenreich e o Modesto Bria
Eles param, olham e assim sem acreditar, quase falam em uníssono.
– É o Capitão, o Prof. Cláudio Coutinho e o Solich
Por detrás deles uma voz fala à eles…
– É, são eles sim, mas, como eu que mais comandei o time lá em baixo, sou eu que vou cuidar de vocês aqui.
E os Dez com cara de espanto e alegria falam de uma só vez.
– Prof. Flávio Costa!!!!
Ele da um sorriso, se volta para São Judas Tadeu e fala.
– Pode deixar agora comigo, meu Santo, vou cuidar bem deles.
São Judas ainda cabisbaixo e choroso, da um sorriso meio amarelo, abençoa os meninos e volta para junto dos outros santos.
– Bom, tão pensando que aqui é moleza? Né não… vamos formar que vou fazer a chamada
Os dez correm e sentam no gramado a frente do treinador.
– Athila Paixão
– Presente
– Arthur Vinícius
– Presente
– Bernardo
– Aqui
– Christian
– Eu Fessor
– Guedson
– Sou eu aqui
– Jorge Eduardo
– Presente
– Pablo Henrique
– Aqui
– Rykelmo
– Presente Professor
– Samuel
– Eu
– Vitor Isaias
– É nós na fita.
Todos dão uma gargalhada.
– Meninos, agora vocês são jogadores do Flamengo do Céu, vamos treinar forte, pois, o São Paulo cansa de dizer que o time dele é o melhor de todos, não vamos facilitar, até para ajudar o nosso São Judas Tadeu que adora fazer o Impossível. Vamos lá cada um pega seu colete e vamos para o meio do Campo…
Eu não poderia escrever nada diferente, além de mostrar que eles eram um futuro para o time que escolheram para defender. Não os conheci, nunca os vi jogar, não tive esse privilégio, poderiam ser meus alunos em alguma escola, poderiam ser o futuro do Flamengo, os craques que o time tantas vezes criou e revelou, mas, que de uma forma trágica, difícil de aceitar, se foram, de forma abrupta e tão terrível.
Hoje só posso orar por eles, para que estejam bem, em companhia dos melhores do Flamengo lá no Céu, pois, aqui fica apenas a saudade das famílias, o vazio dos torcedores a dor e a perplexidade da tragédia, que poderia ser evitada, ou não, não sabemos, pois, só Deus sabe e ele não se mete em futebol.
Só sei que hoje o Céu do Flamengo tem mais DEZ estrelinhas, mais Dez grandes meninos que poderiam ser o orgulho da Nação Rubro Negra, mas, que Deus levou para jogar no Céu. Espero que olhem por nós que aqui ficamos e possamos nos orgulhar de ter tido esses dez anjos em nossa Celeste casa.
Avante Meninos. Olhem por nós.
Rio, 10 de fevereiro de 2019
Luiz Gustavo Chrispino – Rubro Negro, mas, hoje, apenas, triste.