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Política

Desmistificando as Velhas Histórias. Seria o Golpe da República, culpa só de Deodoro?

Muitas vezes recebemos alguns documentos ou textos e paramos para fazer uma análise dos mesmos a luz de História e da Ciência Política, para tentarmos entender o que se passa no referido texto. Recebi recentemente, via WhatsApp o texto que reproduzo abaixo, retirado do site Diário de Jacareí, onde o nobre Promotor José Luiz Bednarski escreve tal texto relatando, de seu foco, o que ocorreu naquele fatídico 15 de novembro de 1889. Segue o texto na integra. As ressalvas em negrito são de autoria deste que vos escreve. E em seguida exponho meus pontos de vista.

 “O Abominável Marechal da Ingratidão

José Luiz Bednarski

Retirado do site www.diariodejacarei.com.br

Poucas figuras históricas projetam tanta ignomínia ao Estado de Alagoas quanto o Marechal Manuel Deodoro da Fonseca. Diz o anexim lusitano que ‘o dia do benefício é a véspera da ingratidão’. Ao admitir dever-lhe imensos favores, Deodoro divulgava sua lealdade eterna a Pedro II, prometendo que carregaria seu caixão.

Sem qualquer apelo popular, a República foi deflagrada a partir de uma ‘Fake News’, com Deodoro movido por primitivo ciúme machista (tema para outro texto).1 Contrariando ordens médicas e a vontade uxória, o enfermo Fonseca desceu ao Campo de Santana e, sem coragem para proclamar a república, desbarretou-se e bradou ‘viva o Imperador’.

Com o Marechal acovardado diante da estatura moral do Magnânimo, coube ao trêmulo Major Sólon Ribeiro a ingrata tarefa de comunicar Sua Majestade do golpe militar.2

O alferes Joaquim Ignácio Batista Cardoso (avô de FHC) até propôs, dentre os positivistas ateus, o fuzilamento de toda a família imperial, ideia apoiada pelo inflamado advogado Silva Jardim.

Inerte Deodoro da Fonseca frente ao intento assassino, evitou a trágica emulação do desfecho dos Romanov a objeção de Benjamin Constant, que ponderou ser Pedro de Alcântara um homem honrado.

À família imperial foi estipulado o prazo de 24 horas para sair do Brasil. Temerosos da revolta popular, os conspiradores anteciparam a expulsão para a madrugada chuvosa.  Ironicamente, o paquete que zarpou com os Orleans e Bragança para Portugal chamava-se Alagoas. Saudosa do Brasil e abalada de súbito, a Imperatriz Teresa Cristina faleceu em poucos meses.

Enquanto Pedro II recusou terminantemente qualquer indenização governamental, Deodoro dobrou o próprio salário. Inflação à galope, instalou-se nossa permanente crise. Deodoro renunciou em dois anos. Um ditador sanguinário assumiu. Ciente dos acontecimentos, Pedro saiu à noite fria para meditar tristemente, contraiu pneumonia e faleceu duas semanas depois. Os republicanos proibiram o traslado do féretro ao Brasil. Entre os pertences do Imperador, encontraram um bilhete com terra brasileira, o derradeiro pedido patriótico: ser enterrado com ela.

Quando a idosa genitora do Marechal Deodoro soube de todo o ocorrido, amaldiçoou-o e nunca mais quis vê-lo. Destino mais que merecido a esse filho da mãe.”

Analisando a luz da História temos algumas contestações a apresentar sobre tal golpe. Em primeiro lugar costumamos dizer que no Brasil tudo se MINIMALIZA, pois, assim fica mais fácil digerir. É mais prático e fácil jogar toda a culpa da queda do império nas costas do Velho marechal, do que analisar os fatos como um todo e chegar a uma conclusão lógica. E daí vem minha grande crítica: Os monarquistas reclamam dos Republicanos colocando de forma simples a culpa em Deodoro. Os comunistas dominaram o poder no Brasil, simplesmente colocando a culpa no governo, será que não temos um processo análogo de culpabilidade nos dois casos? Será que a culpa é apenas de Deodoro? Ou isso é mais fácil de vender nos livros de História? Assim como a culpa do processo de empobrecimento do Brasil República é Culpa do Governo apenas?

Esquecemos de vários pontos importantes nessa “Historieta” e busco aqui lançar algumas dúvidas. Seria só Deodoro o responsável? O Nobre promotor levanta uma situação em sua fala que quase lança a campanha de Jair Bolsonaro numa saia justa – FAKE NEWS. (1 em negrito no texto) O próprio texto do Promotor nos remete a alguns questionamentos interessantes: na indicação de parágrafo (2, em negrito), vemos um marechal acovardado e um major trêmulo. O interessante é que esse major trêmulo foi o mesmo que trouxe a Deodoro outra Fake News da época, a qual Deodoro seria preso por ordem do Governo Imperial, tanto ele quanto Benjamim Constant. Então, ao levar a carta a Sua majestade ele nada tinha de trêmulo, pois, fazia parte de trama urdida por Floriano, Constant e outros, estes sim, republicanos e Positivistas.

Muitas vezes eu mesmo critiquei o Visconde de Ouro Preto, liberal, por suas ações, até entender as ações que ele propunha em seu governo, que durou exatos 161 dias, como seguem, retirados da Wikipédia:

“Situação política do Brasil em 1889

O governo imperial, através do 37.º e último gabinete ministerial, empossado em 7 de junho de 1889, sob o comando do presidente do Conselho de Ministros do Império, Afonso Celso de Assis Figueiredo, o Visconde de Ouro Preto, do Partido Liberal, percebendo a difícil situação política em que se encontrava, apresentou, em uma última e desesperada tentativa de salvar o império, à Câmara-Geral, câmara dos deputados, um programa de reformas políticas do qual constavam, entre outras, as medidas seguintes: maior autonomia administrativa para as províncias, liberdade de voto, liberdade de ensino, redução das prerrogativas do Conselho de Estado e mandatos não vitalícios para o Senado Federal. As propostas do Visconde de Ouro Preto visavam a preservar o regime monárquico no país, mas, foram vetadas pela maioria dos deputados de tendência conservadora que controlava a Câmara Geral. No dia 15 de novembro de 1889, a república era proclamada.”

Quem são esses que vetaram? Antigos Barões do Café do vale do Paraíba, Canavieiros do Nordeste, Novos Barões do Café do Oeste Paulista, desprovidos de ganhos, ou seja, uma outra nata que conhecemos bem como Políticos, que até hoje emporcalham nossos governos, sejam eles Monárquicos ou Republicanos.

Desta forma o que observamos aí, Ouro Preto queria o Federalismo e não o Federativismo que existia e se manteve na Proclamação da República, onde o governo central manda e cima para Baixo. Liberdades de Voto e de Ensino, com isso traria ao povo maior autonomia, mas, isso era impensável. Redução das Prerrogativas do Conselho de Estado e fim da Vitaliciedade do Senado, seria equivalente a hoje acabar com os FOROS PRIVILEGIADOS.

Insistentemente querem achar um bode expiatório para toda a sujeira do Golpe de Estado de 15 de novembro de 1889 e aí, é mais prático jogar no colo do velho marechal que, doente e engabelado por vários Marqueteiros, cercado de Fake News, se vê na iminência de ter de resolver a questão por ser o suposto e possível alvo de prisão e, claro, tocado no ego machista bem característico do Machão Sul-americano, não poderia ficar por baixo de seu desafeto Silveira Martins que se fosse realmente elevado a Primeiro Ministro seria Chefe do velho marechal.

Para reforçar tal fato, vemos que Ouro Preto, ainda tenta resistir ao golpe chamando as vias de fato o comandante do destacamento local e responsável pela segurança do Paço Imperial, que enfrentasse os amotinados, visto que havia no local tropas legalistas em número suficiente para derrotar os revoltosos. O mesmo se nega e ao ser questionado sobre suas ações na Guerra do Paraguai, o mesmo respondeu insubordinando-se: “Sim, mas lá (no Paraguai) tínhamos em frente inimigos e aqui somos todos brasileiros!” – Este era Floriano Peixoto, que dá voz de prisão a Ouro Preto.

Dom Pedro II, que estava em Petrópolis, retornou ao Rio de Janeiro. Pensando que o objetivo dos revolucionários era apenas substituir o Gabinete de Ouro Preto, o Imperador D. Pedro II tentou ainda organizar outro gabinete ministerial, sob a presidência do conselheiro José Antônio Saraiva. O imperador, em Petrópolis, foi informado e decidiu descer para a Corte. Ao saber do golpe de estado republicano, o Imperador reconheceu a queda do Gabinete de Ouro Preto e procurou anunciar um novo nome para substituir o Visconde de Ouro Preto. No entanto, como nada fora dito sobre República até então, os republicanos mais exaltados espalharam o boato de que o Imperador escolhera Gaspar Silveira Martins, inimigo político de Deodoro da Fonseca desde os tempos do Rio Grande do Sul, para ser o novo chefe de governo. Deodoro da Fonseca então convenceu-se a aderir à causa republicana. O Imperador foi informado disso e, desiludido, decidiu não oferecer resistência.

À noite, na Câmara Municipal do Município Neutro, o Rio de Janeiro, José do Patrocínio, o mesmo criador da Guarda Negra de defesa da Princesa Isabel, redigiu a proclamação oficial da República dos Estados Unidos do Brasil, aprovada sem votação. O texto foi para as gráficas de jornais que apoiavam a causa, e, só no dia seguinte, 16 de novembro, foi anunciado ao povo a mudança do regime político do Brasil.

Cabe ainda lembrar que o movimento de 15 de novembro de 1889 não foi o primeiro a tentar instituir uma república no Brasil, existiram outros não tão eficazes, como segue:

  • 1789 – Inconfidência Mineira – não buscava apenas a independência, mas, também a proclamação de uma república na Capitania de Minas Gerais, seguida de uma série de reformas políticas, econômicas e sociais;
  • 1817 – Revolução Pernambucana – único movimento separatista do período colonial que ultrapassou a fase conspiratória e atingiu o processo revolucionário de tomada do poder tendo em Pernambuco um governo provisório republicano por 75 dias;
  • 1824 – Confederação do Equador – Pernambuco e outras províncias do Nordeste brasileiro (territórios que pertenceram outrora à província pernambucana) criaram o movimento independentista e republicano, considerado a principal reação contra a tendência absolutista e a política centralizadora do governo de D. Pedro I;
  • 1839 – Revolução Farroupilha – Onde proclamaram-se a República Rio-Grandense e a República Juliana, respectivamente no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.

Desta feita a única parcela que perde com isso tudo, sempre foi o Povo, desde o período Colonial, demonstrando que o poder sempre esteve nas mãos de Meia Dúzia de Poderosos. Durante os 42 anos de governo Parlamentarista no Brasil, D. Pedro II trouxe a rédea curta esse Parlamento e o gabinete de Ministros, porém, mais uma vez o Machismo desenfreado contra D. Isabel e a Xenofobia contra Gastão de Orleans acabou por minar de vez o governo de nosso magnânimo Imperador, levando o velho marechal a ser envolvido nessa trama muito mais que maquiavélica, chegando a Mefistofélica, o que o levou a dar a última palavra no Golpe.

Como bem lembro sempre em meus escritos e falas pelas redes Sociais, não devemos nunca minimizar as questões. O Golpe de Estado Republicano de 15 de novembro de 1889, foi muito mais que apenas uma traição de um velho Marechal, mas, a trama bem urdida de toda uma comunidade Positivista e Conservadora, que não desejava que a liberdade chegasse ao povo, e ao perderem a mão sobre a escravidão, ainda foi agregada a eles, essa casta velha de Barões outrora mantenedores do poder centralizado sobre o Brasil. Desta forma quem acaba perdendo como sempre é o Povo Brasileiro que nunca se torna “Capitão de Suas Vidas”, mas, sempre são grumetes nas mãos perversas de aproveitadores. Foi assim no passado, ainda o é assim. Tenho dito

Rio, 18 de novembro de 2018

Luiz Gustavo Chrispino

LuGus Chrispino

Olá, sou Luiz Gustavo Chrispino, Jornalista, Historiador, Psicopedagogo, Professor de História e Geografia, Cronista e Escritor.

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